ESG no Agronegócio: o que é, importância e pilares

Em um mercado cada vez mais exigente por produtos e serviços que abracem as práticas ecologicamente corretas, reduzam a emissão de gases de efeito estufa e estejam atrelados às questões humanitárias, a sustentabilidade surge como uma parceira crucial para a agricultura.

Nesse cenário, uma das estratégias amplamente debatidas é o ESG, que alinha boas práticas ambientais, sociais e de governança no setor agropecuário — o qual representou 24,4% do Produto Interno Bruto do Brasil só em 2023.

Para trazer mais informações sobre o tema, neste artigo, falaremos sobre a importância do ESG no agronegócio, as suas práticas sustentáveis e os seus pilares, bem como os impactos na cadeia produtiva rural. Boa leitura!

O que é ESG no agronegócio?

Abrangendo os termos Environmental (Ambiental), Social e Governance (Governança), essa sigla representa um conjunto de diretrizes e critérios implementados pelas empresas, permitindo a avaliação:

O objetivo principal, portanto, é reduzir os efeitos de suas atividades no meio ambiente e na comunidade, além de promover uma governança corporativa mais responsável, ética e transparente em seus processos de decisão.

Devido a sua importância, as organizações relacionadas à agricultura e pecuária — como frigoríficos e fornecedores de insumos agrícolas, tanto no mercado nacional quanto internacional — passaram a adotar também esses princípios.

Quais são os pilares do ESG aplicados no agronegócio?

A seguir, acompanhe como cada pilar do ESG pode ser utilizado nesse setor e confira alguns exemplos de implementação!

Environmental (Ambiental)

Envolve as exigências ambientais, como a gestão de resíduos, a utilização de energias renováveis e materiais biodegradáveis, a redução do consumo de água, a limitação das emissões de carbono e a conformidade com políticas antidesmatamento. Além disso, requer uma postura diante das questões relacionadas às mudanças climáticas, bem como melhores alinhamentos na biodiversidade.

Alguns exemplos dessa estratégia, quando implementada em propriedades rurais, são:

  • implementação de biodigestores — uma opção cada vez mais acessível;
  • redução das áreas de desmatamento;
  • utilização de melhoramentos genéticos para selecionar animais mais eficientes para a redução do metano;
  • suplementação mineral equilibrada com aditivos naturais;
  • conscientização sobre a gestão do carbono neutro;
  • aperfeiçoamento dos sistemas de integração lavoura-pecuária-floresta (ILPF);
  • práticas mais criteriosas para o uso racional da água e adoção de energia limpa;
  • emprego de tecnologias de precisão para detecção precoce de mastite —além de reduzir o uso de antibióticos, essa prática garante a segurança e proporciona maior qualidade do leite;
  • manejo integrado de pragas.

Social

Normalmente avaliado pelos investidores, o pilar social abarca uma gama de aspectos referentes ao ambiente de trabalho, dentre eles:

  • o bem-estar dos funcionários, considerando indicadores como a taxa de rotatividade, os benefícios oferecidos, a competitividade salarial e a conformidade com regulamentações de segurança;
  • a diversidade e os impactos sociais gerados pela empresa na comunidade local.

Essas ações podem ser vistas no compromisso e respeito aos direitos humanos, na segurança no ambiente de trabalho, no cumprimento das leis trabalhistas, na promoção da inclusão e da diversidade, e nas políticas dentro da organização.

Já no segmento agropecuário, isso se relaciona:

  • à profissionalização do setor por meio de programas de treinamento e capacitação;
  • ao engajamento da empresa em projetos e causas sociais;
  • à oferta de uma infraestrutura habitacional adequada, garantindo alimentação, segurança e bem-estar aos funcionários;
  • à observância das legislações ambientais e trabalhistas;
  • à implementação de políticas de inclusão e diversidade.

Governance (Governança)

Engloba elementos como a transparência fiscal, a remuneração dos acionistas e o planejamento estratégico para a sucessão corporativa.

Também é possível estabelecer comitês para a avaliação de valores, gestão, riscos e rentabilidade da empresa, com o intuito de proporcionar maior confiança e estabilidade ao mercado.

Alguns exemplos são:

  • administração de riscos;
  • cultura de compliance;
  • medidas de prevenção contra fraudes e corrupção;
  • realização periódica de auditorias;
  • rastreabilidade dos animais;
  • transparência na administração de corporações e empresas;
  • adesão rigorosa às leis e normativas;
  • manejo responsável dos recursos financeiros;
  • estabelecimento de protocolos de segurança.

Qual é a importância do ESG para o setor?

O ESG não se limita a um conjunto de regulamentos. Ele representa uma visão abrangente do panorama do mercado, essencial para o progresso e a sustentabilidade do agronegócio brasileiro. Afinal, desempenha um papel crucial no posicionamento e na diferenciação do setor, oferecendo segurança aos envolvidos — desde que seja associado a um plano de negócios bem elaborado e apropriado.

Segundo projeções do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (MAPA), a produção agrícola nacional — especialmente do setor de grãosdeverá aumentar em mais de 20% até 2030.

Isso significa que a demanda do mercado internacional por práticas ESG não é apenas motivada pela preocupação com o futuro do planeta, mas pela necessidade de importar uma quantidade maior de produtos para suprir as demandas internas de cada país.

Quais são as práticas sustentáveis do agronegócio?

A seguir, vamos abordar as práticas do agronegócio que já estão sendo implementadas em parceria com o ESG. Confira!

Diminuição da emissão dos gases do efeito estufa

No Brasil, a principal estratégia do agronegócio para diminuir as emissões de gases de efeito estufa é o Plano ABC, estabelecido pelo Governo Federal em 2010.

Em sua versão ABC+, ele tem como meta alcançar 72,68 milhões de hectares utilizando tecnologias de produção sustentável, além de aumentar o tratamento de 208,4 milhões de metros cúbicos de resíduos animais e realizar o abate de 5 milhões de cabeças de gado em sistemas intensivos de terminação — tudo isso, no período entre 2020 a 2030.

Além disso, esse propósito inclui a minimização do desperdício, a reutilização de produtos e a adoção de recursos naturais limpos e renováveis, que não geram impactos adversos na atmosfera — diferentemente dos combustíveis fósseis.

Agricultura digital

A digitalização está transformando profundamente esse mercado, estabelecendo uma ligação direta entre a indústria, os centros comerciais e as propriedades rurais.

Na adoção das práticas ESG, a tecnologia desempenha um papel crucial para manter as operações alinhadas aos padrões nacionais e internacionais, ao mesmo tempo em que reduz os principais riscos de gestão para assegurar a proteção dos dados e impulsionar a produtividade e o faturamento no setor do agronegócio — alinhando-o à sustentabilidade da melhor forma possível.

Além disso, diversas soluções digitais estão disponíveis a preços acessíveis, a fim de permitir o monitoramento das atividades e a redução dos impactos socioambientais na agricultura.

Segurança alimentar e social

A produção agrícola desempenha um papel crucial na segurança alimentar em âmbito global. Práticas sustentáveis são essenciais para assegurar colheitas de alta qualidade e distribuição equitativa para comunidades locais e internacionais.

Dentro da esfera social do ESG, estão contempladas questões como o tratamento dos trabalhadores rurais, a promoção de condições de trabalho seguras e saudáveis, além do suporte às comunidades.

Como vimos, o ESG no agronegócio é uma forma de conseguir diferenciais competitivos em um mercado hostil e desafiador, no qual fatores como as mudanças climáticas, a emissão de gases do efeito estufa e os alinhamentos de segurança alimentar são imprescindíveis.

Para dominar esse tema, o ponto inicial é compreender os princípios da agricultura sustentável e a sua relevância para o futuro. Saiba mais, baixando o nosso e-book gratuito sobre o assunto!