Biofortificação de alimento: o que é e como funciona?
Você já ouviu falar sobre a biofortificação de alimentos? De acordo com a FAO (Organização das Nações Unidas para Alimentação e Agricultura), 48% das crianças de até cinco anos possuem anemia e 30% têm falta de vitamina A. É um número espantoso, mas representa uma carência nutricional que pode ser combatida com as medidas certas.
De fato, muitas dessas crianças podem não ter acesso à comida suficiente. Porém, mesmo para quem consomem alimentos diariamente, há chances de estarem se alimentando mal e aí que entram processos como a biofortificação.
Neste texto vamos falar o que é biofortificação de alimento e como ela funciona para a agricultura. Confira!
O que é a biofortificação de alimentos?
A biofortificação é uma técnica de fortalecimento dos nutrientes de um alimento. Sendo assim, ela garante mais vitaminas e minerais do que já é naturalmente produzido, a comida fica mais enriquecida e pode auxiliar na alimentação e na nutrição das pessoas.
Como funciona?
A biofortificação pode ser aplicada de duas formas: genética ou agronômica. No caso da primeira, é um processo de modificação que acontece em laboratório. Os cientistas manipulam geneticamente o alimento para enriquecê-lo. Geralmente, cruzam-se várias plantas da mesma espécie para acumular os nutrientes.
Já a segunda é por um meio mais natural, com adubação do solo ou da planta. Mas ambas não precisam ser feitas de maneira separada. É bastante comum, inclusive, que sejam usadas as duas técnicas para obter alimentos mais fortificados.
Por que a biofortificação de alimento tem se tornado uma tendência?
Os alimentos podem, apesar de sua variedade, não serem os suficientes para suprir as necessidades nutricionais das pessoas. Até porque, mesmo que uma pessoa tenha acesso a diferentes alimentos, ela pode não ser capaz de fazer escolhas equilibradas e que garantam nutrientes necessários para o seu corpo.
Sendo assim, a biofortificação acaba sendo uma boa alternativa. Mas, além disso, essa técnica pode garantir:
- a alimentação para um grande número de pessoas: o consumo de alimentos, infelizmente, não acompanha a sua produção. Para gerar condições de que todas as pessoas tenham os nutrientes suficientes, a biofortificação é uma opção interessante. Ela pode garantir que um tipo de alimento comum seja fortificado e evite a dependência de outros que são mais difíceis de serem produzidos;
- fornecimento de alimentos com maior valor nutritivo: claro que, com os processos de alteração genética e também adubação, os alimentos apresentam um nível de vitaminas e minerais maior do que em suas versões originais. Essas plantações podem apresentar o dobro ou mais de valor nutritivo. Por exemplo, a mandioca pode ser aproveitada tanto in natura, como sua farinha. Quando ela passa pela biofortificação, as raízes cozidas possuem uma retenção de caroteno de até 82%, sendo bastante rica em vitaminas;
- diminui a fome oculta: a fome oculta ocorre quando existe a falta de nutrientes para o desenvolvimento saudável do corpo e suas funções. O que acontece é que, mesmo que uma pessoa se alimente, ela pode não consumir o que é preciso para auxiliar seu desenvolvimento. Por exemplo, existem pessoas que só comem produtos ultraprocessados que, geralmente, são pobres em nutrientes. Mesmo que elas estejam saciadas, a médio e longo prazo, isso não fortalece o organismo delas.
Como essa fortificação é feita na lavoura na prática?
Até aqui, vimos que a biofortificação de alimento pode ser feita no laboratório, com a alteração genética dos alimentos, mas também, há maneiras de fazê-la naturalmente. O adubo é uma das maneiras de conseguir melhorar as plantações, além de gerar diversos benefícios e combater pragas. Existem muitas maneiras de adubar, e as principais são:
- húmus de minhoca: esse é um material não só produzido por minhocas, mas pode ser encontrado já pronto em lojas especializadas. É um adubo orgânico que tem como benefício trazer muitos nutrientes para a plantação;
- esterco: esse é um componente que, dependendo do tipo de fazenda, pode ter em grande quantidade. Se for comprá-lo pronto, ele é recomendado para hortas e deve ser misturado no solo para que as plantas recebam os nutrientes;
- consólidas: neste caso, é uma erva chamada de consólida-maior. Ela tem muitos nutrientes como potássio, vitaminas, magnésio, fósforos, entre outros. Mas para que dê certo, é preciso preparar suas folhas misturando com água, deixar no sol por até três dias e depois depositá-las no solo;
- inorgânicos: esses são adubos fabricados por especialistas. Conhecidos como fertilizantes químicos, eles contêm as substâncias ideais para o desenvolvimento dos vegetais. Costumam ser de fácil absorção e podem ser encontrados em diferentes formatos, como líquido, pastilha, concentrado e granulado.
Como se preparar para incorporar essa possibilidade no plantio?
Para quem está pensando em incorporar esse tipo de estratégia em seu plantio, além da biofortificação por meio de adubo, existe um projeto institucional que oferece orientações para implementar essa iniciativa. O projeto Rede BioFORT é focado em melhorar a maneira como os brasileiros se alimentam, focando na população carente.
É um projeto de mais de 10 anos, coordenado pela Embrapa (Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária). Com 15 unidades voltadas a fazer pesquisa dos alimentos orgânicos, o propósito é melhorá-los geneticamente.
A escolha é por produtos que fazem parte da dieta básica do brasileiro, como feijão, arroz, mandioca, milho, trigo, batata-doce, feijão-caupi e abóbora. Os alimentos são fornecidos com alto índice de ferro, vitamina A e zinco. O projeto ainda desenvolve produtos agroindustriais a partir de matérias-primas também biofortificadas.
No site oficial, é possível encontrar cursos e workshops que auxiliam o agricultor a entender como pode melhorar os processos de plantação e também tornar mais efetivo o trabalho na lavoura.
A biofortificação de alimento é uma técnica fundamental para fornecer uma maior qualidade em produtos alimentícios. Por focar em melhorar os seus aspectos nutritivos, é uma ótima oportunidade para o agricultor auxiliar na alimentação de diversas pessoas.
Além disso, a biofortificação, garante que se possa melhorar sua plantação, fornecendo alimentos com mais vitaminas e minerais sem dificuldade. Até porque é possível realizá-la por meio de adubação, assim como por processos de manipulação genética.
Quer continuar aprendendo as melhores práticas para a sua lavoura? Veja o nosso post sobre biodiversidade e agricultura!