
3 técnicas para o manejo de plantas tigueras
A presença de plantas tigueras na lavoura pode impactar severamente a produtividade da cultura. No caso de milho voluntário em uma plantação de soja, por exemplo, a redução na produção pode chegar a 50%.
Além disso, elas favorecem a disseminação de doenças, como o mofo-branco, e são hospedeiras de pragas. Longe de serem inofensivas, elas podem ser responsáveis por grandes dores de cabeça para o produtor.
Para evitar esses problemas, é preciso dominar esse conceito, as melhores estratégias e produtos para controlá-las, especialmente no caso do milho, algodão e soja — as principais culturas que sofrem desse mal.
Por isso, preparamos este guia detalhado. Continue lendo e fique atualizado sobre as melhores práticas de manejo e como prevenir as plantas tigueras nas próximas safras!
O que são plantas tigueras?
Referem-se às plantas remanescentes de uma cultura anterior que se estabelecem na nova lavoura. Também conhecidas como voluntárias ou guaxas, elas não podem ser subestimadas, pois podem causar sérios prejuízos.
O problema agrava ainda mais devido à dificuldade em eliminar com o uso de glifosato. No caso da soja, mais de 90% dos 31 milhões de hectares cultivados no Brasil utilizam sementes geneticamente modificadas para resistir a esse defensivo.
Da mesma forma, o milho-safrinha, umas das culturas usadas entre as safras, também resistente ao glifosato, pode se tornar uma planta competidora da soja, dificultando o manejo.
Só para ter uma ideia, a presença de uma alta densidade de plantas de milho, provenientes de espigas, em meio à cultura de soja pode reduzir a produtividade da lavoura em até 70%.
O desafio do controle
Antes do aparecimento de plantas resistentes aos defensivos, o controle de plantas tigueras era predominantemente realizado com o uso de glifosato. No entanto, com o desenvolvimento de culturas transgênicas e resistentes a esse composto, os desafios se intensificaram.
Atualmente, as culturas de soja, milho e algodão apresentam variedades geneticamente modificadas com resistência a diferentes defensivos:
- soja: variedades resistentes ao glifosato (Roundup Ready) e aos compostos imazapique e imazapir (Cultivance);
- milho: resistência ao glifosato e ao glufosinato de amônio (Liberty Link);
- algodão: resistência ao glifosato, ao glufosinato de amônio (Liberty Link) e a ambos os defensivos (Glytol).
Além disso, para os próximos anos, espera-se o lançamento de novas tecnologias voltadas para resistência a produtos como:
- soja: variedades Enlist (resistentes ao 2,4D colina, glifosato e glufosinato de amônio) e Xtend (resistentes ao dicamba e glifosato);
- milho: variedades Enlist (resistentes ao 2,4D colina, glifosato, glufosinato de amônio e haloxyfop).
Juntamente com as plantas voluntárias provenientes desses cultivos geneticamente modificados, o Brasil já registra 28 espécies de plantas daninhas com resistência. Por isso, adotar estratégias de manejo é vital para evitar perdas na produtividade.
Quais são os perigos dessas plantas?
Além dos já mencionados problemas envolvendo a redução da produtividade da lavoura, as plantas tigueras podem causar vários outros transtornos para o produtor rural:
- dificultam o processo de colheita;
- aumentam a vulnerabilidade da plantação com relação à infestação de fungos e pragas, por essas plantas atuarem como hospedeiras;
- geram prejuízos econômicos em face da redução da rentabilidade da lavoura;
- dependendo da espécie invasora e do cultivo invadido, o investimento financeiro para controle do problema pode ser muito alto;
Perceba que o impacto das plantas tigueras pode ser alarmante, principalmente se o agricultor não tiver os cuidados básicos de manejo da situação. Com pequenas mudanças nas operações, é possível minimizar a ocorrência do problema.
Qual é a importância do manejo correto de plantas tigueras?
Abordando sobre esses desafios, fica fácil entender porque é importante adotar um manejo adequado das plantas tigueras. Como muitas regiões do país utilizam um sistema de produção que engloba a soja, o milho e o algodão, a presença delas torna-se um verdadeiro gargalo contra a produtividade.
O seu manejo adequado contribuiu para garantir melhores resultados em termos de colheita. Boas práticas minimizam as perdas, além de evitarem o surgimento de insetos-praga e patógenos.
Como fazer o manejo de plantas tigueras?
Graças às condições climáticas favoráveis, o Brasil se destaca como um dos poucos países capazes de realizar mais de um cultivo por ano agrícola. Um dos sistemas mais amplamente utilizados é a sucessão de culturas, com a soja sendo cultivada na primeira safra e o milho na safrinha.
Para um melhor controle, detalhamos como fazer o manejo nas principais culturas que sofrem com o problema das plantas tigueras. Confira!
Manejo da planta tiguera algodão na soja
O algodão pode impactar a cultura subsequente devido à rebrota da soqueira ou à germinação de sementes deixadas no solo durante a colheita. Por essa razão, é vital realizar um manejo eficiente para a destruição da soqueira.
Para o controle de plantas tigueras de algodão originadas de sementes em lavouras de soja, são recomendados defensivos como imazethapyr, cloransulam, chlorimuron ou fomesafen.
Manejo da planta tiguera milho safrinha na soja
Quando o milho apresenta tolerância ao glifosato e ao glufosinato, os defensivos mais indicados para o controle em pós-emergência são os graminicidas, que atuam como inibidores da ACCase.
Para milho em estágios iniciais (V2-V3), é possível utilizar produtos como clethodim (0,40 L/ha), sethoxydim (1,25 L/ha), fluazifop (0,60 L/ha) ou haloxyfop (0,40 L/ha), sempre adicionando os adjuvantes recomendados na bula. Em estágios mais avançados, como V6-V8, os defensivos fluazifop e haloxyfop tendem a apresentar maior eficiência.
Manejo da planta tiguera soja no algodão
Uma das culturas mais comuns em sucessão à soja é o algodão. A presença de uma planta tiguera de soja por metro quadrado pode reduzir a produtividade devido ao lento crescimento inicial do algodoeiro.
Em geral, as sementes de soja que permanecem ligeiramente enterradas no solo apresentam apenas um rápido fluxo de emergência, o que torna o controle mais simples.
Para o controle de soja tiguera, pesquisas apontam a eficácia do glufosinato de amônio (0,67 L/ha) aplicado isoladamente ou em combinação com pyrithiobac-sodium (0,06 L/ha).
Manejo da planta tiguera soja no milho safrinha
O principal desafio ocorre porque a semeadura do milho é realizada ao mesmo tempo que a colheita da soja. Por isso, é importante realizar o manejo das plantas tigueras de soja antes que elas comecem a competir com o milho. Além disso, as plantas voluntárias podem atuar como hospedeiras de pragas e doenças.
No caso do milho-safrinha, é indispensável controlar as plantas tigueras de soja para prevenir a ferrugem asiática, respeitando as normas do período de vazio sanitário. Esse controle é mais eficaz quando realizado na soja que apresentam até dois trifólios.
Para o manejo dentro da cultura do milho, recomenda-se a aplicação de Atrazina (3,0 L/ha), Mesotrione (0,25 L/ha) combinado com Atrazina (3,0 L/ha), ou Nicosulfuron (0,40 L/ha) também associado à Atrazina (3,0 L/ha).
Como evitar as plantas tigueras?
Adotando alguns cuidados e boas práticas preventivas, é possível minimizar o impacto negativo causado pelas tigueras. A seguir, apresentamos as melhores dicas que vão ajudar você a evitar esse problema.
Realize uma colheita eficiente
A perda de grãos durante uma colheita é o principal fator que leva ao surgimento das tigueras. Logo, a primeira ação que deve ser tomada pelo agricultor é focar na realização de uma colheita eficiente, reduzindo ao máximo o percentual de perda de grãos.
Somado a isso, fazer o monitoramento da lavoura, principalmente nas primeiras fases do plantio, pode ajudar a evitar o surgimento das tigueras, já que o agricultor pode aplicar métodos de controle que impeçam o seu surgimento.
Seguir as recomendações de boas práticas relacionadas à aplicação dos defensivos também traz benefícios para o manejo das plantas tigueras.
Rotacione culturas
A rotação de culturas é feita por meio da alternância de cultivos. De forma ordenada, ela permite conservar o solo e controlar as pragas e doenças na lavoura por meio do revezamento em uma área por determinados períodos.
O produtor pode planejar o rotacionamento conforme as culturas e a área disponível, visando minimizar o surgimento de tigueras sem afetar a produtividade. Trata-se de uma prática de gestão de produção que contribui não só com a redução das plantas tigueras, mas para o melhor aproveitamento do solo e aumento da produtividade.
Priorize o controle do milho
O milho é uma planta extremamente competitiva e pode diminuir consideravelmente a produtividade de culturas como a soja. Por isso, a recomendação é que os agricultores que adotam esse sistema de produção utilizem produtos específicos antes da semeadura da soja, ou logo após a emergência — momentos em que as plantas do milho ainda são pequenas.
Inclusive, a presença dessa planta tiguera por metro quadrado em uma lavoura de soja pode reduzir a produtividade da cultura em até 17%.
Um engenheiro agrônomo poderá orientar com relação ao melhor produto que deve ser aplicado, bem como ao momento e à forma de aplicação. Alguns produtos impedem o crescimento da planta tiguera, evitando, assim, maiores danos para a produção.
Utilize tecnologias de pulverização como Spot Spray
O Spot Spray é uma tecnologia voltada para a aplicação de defensivos de maneira precisa. Ou seja, o sistema identifica a presença de plantas tigueras e realiza a aplicação de onde elas estão.
O seu funcionamento baseia-se em sensores instalados ao longo da barra de pulverização. Esses detectam as plantas indesejadas e enviam um sinal para ativar o bico de pulverização correspondente.
Adotando boas práticas de colheita e realizando um controle eficiente do cultivo, é possível minimizar o impacto das plantas tigueras na sua produção. Com o suporte de um profissional especializado, é possível avaliar melhor as características do solo, os eventuais riscos e os melhores produtos e mecanismos de mitigação de danos durante semeadura, desenvolvimento e colheita das culturas.
Gostou do nosso artigo? Aproveite a visita e também conheça algumas dicas sobre controle de plantas daninhas para garantir uma operação mais otimizada na sua lavoura!