Mapas e dados na agricultura de precisão: mais eficiência no campo
A agricultura de precisão é sinônimo de produtividade e rentabilidade para o produtor rural e com o uso de mapas e dados, essa prática evolui para um novo patamar de eficiência.
A combinação entre mapas, dados, agricultura e precisão permite decisões mais assertivas, redução de custos e menor impacto ambiental — fatores essenciais para o futuro do campo.
Especialmente em um cenário desafiador em que é preciso ampliar a produção de alimentos ao mesmo tempo que controlar custos e impactos ambientais.
Nesse contexto, surge a agricultura de precisão como uma abordagem capaz de conciliar eficiência, produtividade e sustentabilidade.
No artigo de hoje vamos discutir especialmente sobre o uso de mapas e de dados para a redução dos custos no dia a dia da lavoura.
Antes disso, porém, vamos balizar os conceitos.
O que é agricultura de precisão (AP)?
Trata-se de uma evolução da gestão agrícola que está baseada no uso de dados, tecnologias e georreferenciamento para tornar as operações mais eficientes.
É um conjunto de mecanismos que possibilitam enxergar as necessidades de uma plantação de forma mais precisa, talhão por talhão, às vezes, metro por metro.
Discutida desde a década de 1990 no Brasil, a AP evolui a cada dia com novas soluções, cada vez mais precisas e que oferecem mais detalhes.
Sabendo que uma lavoura não é uniforme e que dentro de um mesmo talhão há diferenças entre o solo e as plantas, a agricultura de precisão deve tratar as condições de formas diferentes.
Dessa forma, é possível usar tecnologias para identificar essas diferenças e fazer o manejo específico para a necessidade daquele ponto da lavoura.
Agricultura de precisão: como funciona
Por não ser uma tecnologia específica, mas um conjunto delas, a agricultura de precisão funciona primeiramente coletando os dados.
Do solo, do clima, das plantas, da forma como as máquinas estão trabalhando. Toda e qualquer informação útil e que se possa analisar.
Sensores, drones, satélites e máquinas equipadas com GPS e telemetria podem fazer esse levantamento das informações.
Na sequência, esses dados passam por uma análise detalhada, sendo transformados em mapas digitais que mostram as variações do terreno, como a fertilidade, a umidade e a produtividade de cada área.
Sendo assim, com base nesses mapas, o produtor realiza ações localizadas, aplicando sementes, fertilizantes, defensivos e água apenas onde e na quantidade necessária.
Consequentemente, estas aplicações pontuais evitam desperdícios e melhoram o aproveitamento dos recursos.
Por fim, há o monitoramento constante da lavoura, permitindo ajustes rápidos durante o cultivo e um planejamento mais assertivo para as próximas safras.
Já falamos outras vezes de agricultura de precisão, produtividade e rentabilidade aqui no nosso blog. Leia também:
Como mapas e dados entram neste processo?
Entrando no tema do artigo, o uso de mapas e de dados na agricultura de precisão é essencial.
Estamos falando de mapas de fertilidade do solo, de produtividade, de variabilidade, zoneamento hídrico etc, que são gerados a partir de dados coletados ao longo do tempo.
Um mapa de produtividade mostra onde dentro de um talhão há áreas mais produtivas e outras com desempenho inferior.
Com essa informação, o produtor pode investigar causas, como nutrição deficiente, compactação do solo, falta de irrigação e, na sequência, adotar manejos diferenciados.
Já os mapas de fertilidade capturam a variação dos nutrientes no solo em diferentes pontos, possibilitando que insumos sejam aplicados com dose variável.
Isto é, mais onde for necessário, menos onde o solo já está adequado. Esse modelo evita desperdício de insumos e, consequentemente reduz custos do produtor.
Já a telemetria e os sistemas embarcados nas máquinas permitem o monitoramento em tempo real, coletando dados enquanto a máquina opera.
Dados de velocidade, consumo de combustível, desempenho dos motores são captados e enviados dados para plataformas de análise remota.
Essa conectividade permite correções rápidas e ajustes no próprio ciclo.
Por exemplo, um pulverizador que esteja trabalhando, mas entra um vento que aumenta a deriva do produto que está sendo aplicado, o operador pode parar a máquina e aguardar.
Aliado a isso tudo, os dados gerados pelo GPS fornecem posicionamento de alta precisão para que cada aplicação siga exatamente os trechos previstos nos mapas de prescrição.
Desta forma, é possível minimizar sobreposições e falhas de aplicação de produtos fitossanitários ou fertilizantes.
Agricultura de precisão: exemplos
Um exemplo do uso da agricultura de precisão no cultivo de soja é o mapeamento de produtividade.
Com colheitadeiras equipadas com sensores e GPS, o produtor coleta dados sobre o rendimento em diferentes partes da lavoura.
Ao cruzar essas informações com análises de solo e imagens de satélite, é possível identificar áreas com baixa produtividade e ajustar a adubação, a densidade de semeadura e a irrigação conforme a necessidade de cada talhão.
Essas ações evitam o uso excessivo de insumos e aumentam o retorno por hectare, tornando o manejo mais eficiente e sustentável.
Outro exemplo é no caso do cultivo de cana-de-açúcar, em que a agricultura de precisão é amplamente aplicada no mapeamento e correção de solo.
Antes do plantio, drones e sensores realizam um diagnóstico detalhado da área, detectando variações na fertilidade e na compactação do solo.
Com esses dados, o produtor realiza a aplicação localizada de calcário e fertilizantes, garantindo que cada parte da lavoura receba a dose certa.
Além disso, sistemas de piloto automático nas máquinas ajudam a manter linhas de plantio mais regulares, reduzindo falhas e otimizando a colheita.
Perspectivas futuras: IA na agricultura de precisão
As perspectivas futuras para o setor apontam para uma integração crescente com inteligência artificial (IA) e machine learning, visando aprimorar a capacidade de prever situações antes que aconteçam.
Além dessas tecnologias, também a integração com a Internet das Coisas (IoT) e automações robóticas terão destaque na agricultura de precisão para garantir produtividade e rentabilidade aos produtores.
Juntas, estas tecnologias serão fundamentais para antecipar a manifestação de pragas, doenças ou estresses ambientais, permitindo intervenções rápidas e específicas em cada área da lavoura.
Outro avanço esperado é o uso crescente de robôs agrícolas autônomos.
Esses robôs poderão fazer capina, aplicar insumos de forma precisa e gerenciar melhor áreas ociosas, aumentando a eficiência das operações.
Outro pilar de desenvolvimento que se espera é a melhoria da conexão no campo.
Tecnologias como internet via satélite e redes rurais dedicadas vão permitir a transmissão de dados rápida e contínua, indispensável para o funcionamento da agricultura de precisão.
Também se espera uma maior oferta de soluções mais acessíveis, menores, modulares e escaláveis, para que possam ser adaptadas ao tamanho e às condições de cada propriedade.
Por fim, deve ocorrer uma união entre a agricultura regenerativa e a agricultura de precisão.
Isso significa usar dados e tecnologia para recuperar solos, aumentar a matéria orgânica e adotar práticas mais sustentáveis e equilibradas com o meio ambiente.
Em resumo…
A agricultura de precisão representa uma virada no manejo agrícola: deixa de ser apenas “trabalho de campo” e se torna uma operação orientada por dados.
Ao usar mapas, sensores e sistemas integrados, o produtor pode reduzir custos, eliminar desperdícios e extrair mais produtividade de suas áreas.
Se você é produtor ou profissional ligado ao agro, vale refletir: será que parte desse caminho já não pode começar hoje, com tecnologias escaláveis e acessíveis?
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