Sorgo como opção para rotatividade de cultura

Sorgo e girassol: a oportunidade da safrinha

Produtores brasileiros têm encontrado no sorgo e no girassol oportunidades rentáveis para a safrinha, em sistemas de rotação com soja, milho, algodão e pastagens.

De acordo com o acompanhamento histórico do IBGE feito desde 1936, essas culturas agrícolas apresentaram crescimento consistente em produção e rentabilidade nos últimos cinco anos.

O sorgo, por exemplo, registrou um salto de 93% no valor de produção entre 2020 e 2024, alcançando 4,09 milhões de toneladas e movimentando cerca de R$ 2,7 bilhões no último ano.

Já o girassol teve avanço de 81,5% no mesmo período, com 90,2 mil toneladas produzidas em 2024, totalizando R$ 171,7 milhões em valor de produção.

Goiás se destaca na liderança nacional das duas culturas, respondendo por 37% da produção de sorgo e 77,8% da produção de girassol em grãos no país.

Sistemas agrícolas mais resilientes e economicamente viáveis

O interesse em sorgo e girassol está diretamente ligado à necessidade de construir sistemas agrícolas mais resilientes e economicamente viáveis diante dos desafios atuais.

Além disso, a busca por fontes e mercados alternativos de renda também chamam a atenção dos produtores brasileiros.  

Crise climática

A instabilidade climática, marcada por secas mais longas e variações bruscas de temperatura, expõe as culturas tradicionais, como o milho, a perdas significativas.

É neste ponto que o sorgo e o girassol se destacam.

Por serem mais tolerantes ao estresse hídrico e a condições de solo menos favoráveis, eles garantem uma colheita compensadora mesmo em anos de clima adverso.

Desta forma, produtores que buscam mitigar riscos e garantir a produtividade da safrinha encontram uma solução nessas culturas.

Diversificação agronômica e sustentabilidade

A dependência da monocultura degrada a saúde do solo. Por isso, realizar a rotação de culturas se torna importante para melhorar a estrutura do solo.

Sorgo e girassol apresentam sistemas radiculares que favorecem a descompactação natural e a melhoria do solo, ampliando a infiltração e retenção de água.

O sorgo com raízes fibrosas e o girassol com raiz pivotante profunda, atuam na ciclagem de nutrientes.

Especialmente o girassol, é uma cultura eficiente em recuperar elementos de camadas mais profundas e disponibilizá-los para as culturas subsequentes.

Ao final do ciclo, a elevada produção de palhada tanto do sorgo, quanto do girassol, oferece cobertura vegetal protetora.

Como consequência, reduz-se perdas por erosão, minimizando a evaporação e conservando a umidade do solo.

Outro ponto relevante é a quebra dos ciclos de pragas e doenças típicas das culturas principais.

A rotação da cultura contribui para reduzir a pressão fitossanitária e a necessidade do uso exagerado de insumos químicos na preparação do solo para a próxima safra.  

Crescente demanda da indústria e novas aplicações

Como mostrado pelos números do IBGE, o potencial de mercado do sorgo e do girassol está em expansão.

A indústria tem buscado matérias-primas alternativas ao milho, tanto para a produção de óleo, quanto para o uso na ração animal.

O mercado de óleo de girassol e o farelo de alta proteína para ração animal são nichos estáveis e de alto valor agregado.

Além disso, o sorgo ganhou uma nova e crescente via de escoamento com a expansão do uso para a produção de bioenergia.

Essa demanda industrial futura, ligada aos biocombustíveis, garante uma valorização contínua e maior solidez para o preço do grão.

Segurança e garantia aos produtores

No aspecto financeiro, a diversificação da produção com culturas de ciclos diferentes funciona como uma estratégia eficiente de diluição de riscos.

Ao distribuir o calendário de plantio e colheita entre espécies distintas, o produtor reduz a dependência de uma única janela de comercialização.

Consequentemente, diminui sua exposição às oscilações de preços em momentos específicos do mercado.

Além disso, essa alternância de ciclos produtivos permite que os impactos de eventos climáticos adversos sejam mitigados, já que condições desfavoráveis em uma safra podem não coincidir com o período crítico de outra cultura.

Essa flexibilidade temporal melhora o fluxo de caixa ao longo do ano, aumenta as oportunidades de comercialização em diferentes cenários de oferta e demanda.

Por fim, fortalece a resiliência econômica da propriedade, garantindo maior estabilidade financeira mesmo em contextos de incerteza.

Veja nosso artigo sobre como fazer a rotação de cultura na prática e qual a sua importância para a conservação do solo:

Quando escolher o sorgo para a safrinha?

Quando as condições climáticas pedem culturas mais tolerantes.

Exemplo, em épocas de El Niño, que causa tempo seco no Brasil principalmente nas regiões Norte e Nordeste, além de áreas do Sudeste e Centro-Oeste.

A escolha do sorgo para a safrinha surge como uma resposta estratégica e altamente eficaz nos cenários onde o risco climático demanda espécies com maior resistência ao clima.

De acordo com a Embrapa Milho e Sorgo, o principal diferencial deste grão é sua alta tolerância à seca e a altas temperaturas.

Isso se deve, em parte, ao seu mecanismo eficiente de fotossíntese, que melhora o aproveitamento da água e da luz.

Também, ao seu sistema radicular profundo, que permite buscar umidade em camadas mais baixas do solo.

Por essa razão, em regiões ou em épocas de semeadura mais tardia, quando o volume de chuvas é incerto e o risco de estresse hídrico aumenta significativamente, o sorgo oferece uma estabilidade produtiva maior.

Entretanto, o produtor pode considerar o sorgo como cultura estratégica em outras situações:

  • Para o plantio de safrinha após a colheita da soja, onde a janela de plantio é mais apertada e a probabilidade de estiagem é maior;
  • Em regiões semiáridas ou com histórico de irregularidade pluviométrica;
  • Quando o objetivo é assegurar a produção de alimento para o gado no período de seca ou reduzir os custos com ração;
  • Ou simplesmente para diversificar a produção e não depender unicamente de uma cultura mais sensível às intempéries, como o milho.

Uso do sorgo para produção de etanol e subprodutos de alto valor

A decisão pelo uso da cultura pode ser estratégica também para entrar no mercado de biocombustíveis.

Mesmo engatinhando, já é uma realidade no país e com previsão de crescimento para os próximos anos.

De acordo com a Associação Brasileira dos Produtores de Milho e Sorgo (Abramilho), a expectativa é de que a produção de sorgo no Brasil triplique nos próximos anos.

Devido tanto a um esperado crescimento da demanda de usinas de etanol como da possibilidade de exportação do cereal.

Produtores de etanol de cereais têm visto na cultura além da resiliência climática e maior tolerância a certas doenças, também um menor custo de investimento.

O sorgo pode, por exemplo, desempenhar o mesmo que o milho na produção do etanol de cereais, mas com a saca custando de 75% a 85% do valor da de milho.

Adicionalmente, o processamento do sorgo resulta subprodutos de alto valor para o mercado.

Um dos exemplos são os o DDGS (sigla de Dried Distillers Grains with Solubles), que são os resíduos do processo de esmagamento, com alto índice proteico e utilizado na alimentação animal.

Em resumo, são muitas as vantagens do plantio de sorgo e muitas as possibilidades de negociação, garantindo rentabilidade ao produtor que apostar nessa cultura.

Quando escolher o girassol para a rotação de cultura?

Quando o solo fala mais alto.

O girassol tem ganhado protagonismo no planejamento agrícola brasileiro por unir vantagens agronômicas e econômicas.

Uma vez que desempenha um papel importante na conservação do solo, no manejo fitossanitário e na diversificação da receita do produtor.

O girassol se adapta bem à safrinha, permitindo ao produtor otimizar áreas e reduzir períodos em que o solo precisa descansar sem cultivo.

Além disso, sua resiliência a estresses hídricos moderados o torna uma opção estratégica em regiões sujeitas a veranicos ou menor disponibilidade de irrigação.

Ao integrar o girassol nos sistemas de rotação, o produtor investe não apenas em produtividade imediata, mas em sustentabilidade e resiliência agrícola.

Trata-se de uma estratégia que fortalece o solo de forma natural e garante uma base econômica mais sólida para os próximos ciclos.

Em suma, o investimento em sorgo e girassol representa uma estratégia de agricultura inteligente para a safrinha.

Ambas as culturas oferecem maior estabilidade produtiva em cenários de incerteza climática.

Além disso, promovem a saúde e a resiliência do solo através da rotação e da melhoria da estrutura do solo.

Também, a crescente demanda da indústria por bioenergia e ração animal de alto valor agregado garante a solidez econômica e a rentabilidade a longo prazo para o produtor que diversifica sua produção.

Adotar o sorgo e o girassol é, portanto, mitigar riscos e maximizar as oportunidades de mercado na safrinha.

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