
Sustentabilidade na agricultura: 6 indicadores para acompanhar de perto
A sustentabilidade na agricultura é um assunto que tem gerado debates em razão da crescente preocupação com o aquecimento global e da necessidade de preservação de recursos naturais para as gerações futuras. Por se tratar de um segmento essencial para a segurança alimentar, os produtores buscam meios de atingir o equilíbrio entre as práticas agrícolas e a proteção ao meio ambiente.
O Brasil é uma das potências mundiais produtoras de alimentos e, segundo aponta a Embrapa, é um dos poucos países que concilia a expansão das suas fronteiras agrícolas com boas práticas de preservação ambiental.
A dúvida que pode surgir é: como o produtor rural, na rotina de operação da sua atividade, pode investir em agricultura sustentável? Quais são as práticas recomendadas? E como o uso de indicadores pode ajudar a entender o comportamento da sua produção e promover melhorias nos processos?
Neste artigo, nossa proposta é trazer diretrizes de agricultura e sustentabilidade, com foco no compartilhamento de alguns indicadores que podem auxiliar o dia a dia e a tomada de decisão dos agricultores. Acompanhe e confira!
O que é sustentabilidade na agricultura?
A sustentabilidade na agricultura é um termo usado para se referir a uma série de práticas, processos e ferramentas que são usados com o propósito de otimizar a produção de alimentos e outros produtos agrícolas, levando em consideração o cuidado com a preservação dos recursos naturais.
Dessa forma, os agricultores investem em iniciativas que têm o propósito de promover a conservação do solo, da água e da biodiversidade. Essas práticas caminham no sentido de encontrar um equilíbrio entre a produção de alimentos e a proteção ao meio ambiente.
Isso se traduz em iniciativas que incluem a rotação de culturas, o controle biológico de pragas, a utilização de fertilizantes orgânicos e a gestão eficiente da água. Ou seja, a preservação é vista como uma maneira de assegurar a proteção ambiental, mas sem abrir mão da produção de alimentos e da garantia de segurança alimentar.
Qual a importância?
Há uma série de razões que explicam a necessidade de investir em sustentabilidade. Além das razões óbvias — preservação do meio ambiente, da biodiversidade e redução das emissões de gases do efeito estufa —, há também aspectos que beneficiam os produtores.
A melhoria na qualidade do solo, por exemplo, além de ser benéfica para o meio ambiente, também impacta a produtividade. Afinal, um solo mais saudável é mais produtivo e retém mais água, reduzindo a necessidade de irrigação.
Isso se reflete diretamente no ganho em eficiência no uso do recursos, já que o agricultor economiza energia, água e outros elementos, trazendo ganhos para os custos de produção.
Ainda, é importante destacar que a sustentabilidade oportuniza a expansão e o acesso a novos mercados. Hoje, cada vez mais os consumidores buscam produtos agrícolas produzidos de forma sustentável, o que pode abrir novas oportunidades de mercado para os agricultores.
Os três grandes pilares da agricultura sustentável são: ambiental, econômico e social. O terceiro pilar reflete a prática de ações socialmente responsáveis. Isso significa que a agricultura sustentável pode contribuir para a melhoria da qualidade de vida das comunidades rurais, por meio da geração de renda e da promoção de um ambiente mais saudável.
Também não podemos deixar de mencionar a segurança alimentar, já que a agricultura desempenha um papel importante nesse sentido, devendo trabalhar para garantir a produção de um volume de alimentos suficientes e saudáveis para toda a população.
Quais as práticas de sustentabilidade na agricultura?
Qualquer agricultor, independentemente do tamanho da sua produção, pode (e deve) investir em práticas sustentáveis. A seguir, listamos algumas das principais. Confira:
- rotação de culturas — alternando diferentes tipos de plantas, o produtor consegue gerenciar a qualidade do solo, controlar pragas e doenças e reduzir a erosão;
- adubação orgânica — o uso de compostos orgânicos, como esterco, ajuda a melhorar a estrutura do solo e fornece nutrientes necessários para o desenvolvimento das plantas;
- implementação de sistemas agroflorestais — integrar árvores, arbustos e culturas agrícolas em um mesmo sistema aumenta a biodiversidade e melhora a qualidade da água e do solo;
- energias renováveis — o uso de energias como a solar e a biomassa reduz a dependência de combustíveis fósseis, diminuindo as emissões de gases do efeito estufa. Como consequência, contribui para a redução do aquecimento global;
- técnicas de conservação do solo — plantio direto, terraceamento e cultivo em curvas de nível ajudam a proteger o solo da erosão e a aumentar sua fertilidade;
- manejo integrado de pragas — combinação de métodos biológicos, físicos e químicos para controlar pragas e doenças, minimizando o uso de defensivos agrícolas;
- sistemas de irrigação — o uso de sistemas de irrigação sustentável, como por gotejamento ou microaspersão, reduz o consumo de água e aumenta a eficiência na aplicação;
- agricultura de precisão — tecnologias como drones, sensores e softwares para otimizar o uso de insumos e aumentar a produtividade também são úteis.
Quais os indicadores de sustentabilidade na agricultura?
Os indicadores de sustentabilidade na agricultura ajudam a avaliar o desempenho ambiental, social e econômico de sistemas agrícolas. Por meio deles, os produtores conseguem acompanhar os resultados das suas ações, identificando áreas de melhoria e qualificando o seu processo de tomada de decisão.
1. Uso de recursos naturais
Esse é um indicador que permite avaliar os percentuais de utilização de recursos naturais, como a água. Isso pode ser feito por meio do mapeamento das fontes de água, quantificação do uso, identificação dos processos em que há maior consumo e análise de perdas.
2. Qualidade do solo
A qualidade do solo impacta diretamente os resultados de uma produção agrícola. Ao usar esse indicador, você deve estar atento a questões como o teor de matéria orgânica, a erosão, a compactação e a salinidade.
3. Biodiversidade
Quanto maior a diversidade de espécies, mais resistente é o ecossistema contra distúrbios como pragas, doenças e mudanças climáticas.
Para medir a biodiversidade, você pode analisar a riqueza de espécies, a distribuição e a diversidade funcional. Indicadores específicos incluem: verificação do número de espécies de plantas, presença e quantidade de espécies polinizadoras e número de grupos funcionais de organismos do solo.
4. Eficiência econômica
A eficiência econômica está atrelada à capacidade do sistema de produção de gerar o maior retorno possível com o menor custo, ou seja, de maximizar a lucratividade. Na agricultura sustentável, isso precisa ser avaliado considerado os custos diretos de produção e os custos indiretos associados a impactos ambientais e sociais.
5. Diversificação de culturas
A diversidade de culturas é um indicador que avalia a variedade de plantas cultivadas em uma determinada área, incluindo diferentes espécies, variedades e genótipos. Essa medição pode ser feita de diferentes formas:
- cálculo do número de espécies cultivadas — contabiliza o número total de espécies cultivadas em uma área;
- índice de Shannon-Wiener — leva em consideração o número total de espécies e a sua abundância relativa;
- índice de Simpson — mede a probabilidade de dois indivíduos escolhidos aleatoriamente pertencerem a espécies diferentes.
6. Certificações sustentáveis
As certificações são uma forma de demonstrar a preocupação com a sustentabilidade na sua produção. Emitidas por órgãos independentes, elas avaliam o cumprimento de normas e padrões rigorosos relacionados à gestão de recursos naturais, bem-estar animal, uso de defensivos, condições de trabalho e relações com a comunidade.
A presença de certificações em produtos agrícolas garante ao consumidor que o alimento foi produzido de forma responsável e sustentável, incentivando a demanda por itens com maior valor agregado e contribuindo para a transformação do setor agrícola em um modelo mais sustentável.
Quais os riscos de não adotar a sustentabilidade na agricultura?
A sustentabilidade não é uma opção, mas sim uma necessidade. Além de garantir a conformidade legal, ela assegura a otimização do uso de recursos naturais, a produtividade, a estabilidade de preços e a competitividade no mercado.
Somado a isso, a exploração descontrolada dos recursos naturais, como a água e o solo, a utilização indiscriminada de defensivos e a monocultura levam à degradação ambiental, à perda da biodiversidade e à escassez de recursos essenciais para a produção.
A sustentabilidade na agricultura exige um olhar atento e constante sobre diversos indicadores. Acompanhando de perto esses parâmetros, os produtores podem identificar oportunidades de melhoria e tomar decisões informadas, contribuindo para a construção de um sistema alimentar mais justo, eficiente e em equilíbrio com o meio ambiente.
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