
Fertirrigação: como esse método beneficia a minha lavoura?
O aperfeiçoamento de técnicas tem ganhado cada vez mais destaque no agro, e a fertirrigação é uma que tem demonstrado ótimos resultados. Ela consiste na aplicação de insumos por meio da água utilizada para irrigação, funcionando como um método prático de adubação diretamente ligado ao sistema.
Além dos fertilizantes, pode-se integrar reguladores e defensivos químicos para total aproveitamento e economia. O melhor de tudo é que essa prática que pode ser utilizada em qualquer tipo de solo, desde que seja realizada uma análise prévia para equilibrar o pH.
Continue lendo para entender melhor essa técnica e descobrir como ela pode contribuir para otimizar os resultados da sua lavoura!
O que é fertirrigação?
A fertirrigação é um método que utiliza o sistema de irrigação para conduzir e distribuir macro e micronutrientes junto com a água. Além de fertilizantes, outros defensivos químicos e reguladores de crescimento podem ser aplicados para otimizar a produção.
Essa é uma das formas mais inteligentes de fornecer nutrientes às culturas, principalmente em áreas de clima árido e semiárido. Ao aplicá-los em menores quantidades por vez, porém com maior frequência, é possível manter um nível constante de elementos essenciais no solo ao longo do ciclo da cultura.
Como funciona na prática?
Em resumo, a fertirrigação pode ser realizada a partir de métodos de gotejamento (irrigação localizada e microaspersão). São os mais indicados porque os gotejadores são posicionados diretamente na área em que se concentram as raízes das plantas, promovendo um melhor aproveitamento dos fertilizantes.
Entenda, a seguir, como cada um desses métodos atua.
Irrigação localizada
Também conhecida como microirrigação, envolve a aplicação de água em uma porção limitada da área ocupada pelo sistema radicular das plantas, ou seja, uma parte do solo. No entanto, para maior eficiência, é preciso ficar atento a alguns detalhes.
De acordo com a Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa), se mais de 55% da área sombreada pela planta for molhada, o método perde uma de suas principais vantagens, que é a economia de água. Portanto, a área molhada mínima deve ser de 20% em regiões úmidas e de 33% em regiões semiáridas.
Microaspersão
O sistema de microaspersão utiliza microaspersores que distribuem água em forma de gotas, simulando a chuva, mas cobrindo uma área reduzida em formato circular.
O alcance do microaspersor depende da vazão e da pressão na tubulação: microaspersores com maior vazão têm um raio de ação mais amplo, enquanto aqueles com menor vazão cobrem áreas menores. Recomenda-se o uso de microaspersores com vazão superior a 40 litros por hora.
Quais os benefícios da fertirrigação?
Separamos as principais vantagens em que essa prática se destaca. Confira:
Sustentabilidade
A fertirrigação reduz consideravelmente o desperdício, pois os nutrientes são aplicados diretamente na zona radicular das plantas. Com isso, nota-se a diminuição do impacto ambiental, devido à falta de lixiviação de nutrientes para lençóis freáticos e cursos d’água, o que contribui para a sustentabilidade.
Distribuição homogênea
Os insumos são bem distribuídos em toda a área irrigada. Dessa forma, não há concentração excessiva em algumas partes do solo, promovendo um crescimento equilibrado das culturas.
Melhor controle dos nutrientes
A abordagem facilita ajustes na dosagem e na frequência de aplicação, atendendo às demandas específicas de cada cultura e de acordo com a análise de solo. Esse aspecto também pode ser avaliado por meio de tecnologias, como aplicativos, de modo a aumentar a precisão.
Redução de custos
Como sabemos, um dos principais problemas enfrentados no campo é a otimização de insumos. Com a fertirrigação, os gastos são otimizados, além da economia com combustíveis e equipamentos agrícolas.
Quais cuidados devem ser tomados?
Aplicar fertilizantes com base apenas na experiência ou em indicações genéricas pode resultar em uma utilização ineficiente dos nutrientes pelas plantas, causar desequilíbrios ambientais e gerar perdas financeiras para o empreendimento.
Por isso, a fertirrigação deve ser realizada de forma consciente, com embasamento técnico e científico, considerando os principais fatores que afetam a fertilidade do solo e a nutrição das culturas.
Frequência de aplicação de nutrientes
A frequência da fertirrigação varia de acordo com fatores como o tipo de fertilizante, as características do solo, a cultura e o sistema de irrigação utilizado. Insumos com maior propensão à lixiviação, como os nitrogenados, precisam ser aplicados com maior frequência do que aqueles com menor risco, como os potássicos.
Entretanto, na prática, não se costuma aplicar os nutrientes em frequências diferentes, uma vez que isso não demanda aumento significativo de mão de obra. Além disso, as principais fontes de nitrogênio e potássio podem ser misturadas e aplicadas ao mesmo tempo.
Em solos de textura arenosa, a fertirrigação deve ser realizada diariamente. Já em solos com textura média a argilosa, a frequência pode ser reduzida, geralmente de uma a duas vezes por semana.
A definição dessa abordagem também depende da cultura a ser fertirrigada. Isso porque as de ciclo curto, como o meloeiro, têm uma dinâmica de absorção de nutrientes diferente das culturas perenes, como a mangueira.
Quantidade de nutrientes
Para determinar as quantidades adequadas de nutrientes, é fundamental considerar:
- a quantidade extraída pela cultura ao longo do ciclo ou as demandas nutricionais necessárias para alcançar uma produtividade desejada;
- a disponibilidade de nutrientes presentes no solo;
- a eficiência do sistema de fertirrigação.
Monitoramento da fertirrigação
O monitoramento da fertirrigação é imprescindível para avaliar o manejo e seus impactos no solo, os quais podem influenciar o desenvolvimento das plantas. Esse processo deve incluir o acompanhamento da aplicação dos fertilizantes, a fim de verificar os seguintes elementos:
- concentração da solução injetada;
- concentração final na saída dos emissores;
- uniformidade da distribuição na área irrigada;
- distribuição dos nutrientes no perfil do solo.
A análise da concentração da solução injetada e na saída dos emissores deve ser realizada a partir da coleta de amostras durante a aplicação.
Esses dados podem ser obtidos por meio de medição da condutividade elétrica (CE) com um condutivímetro portátil. Os objetivos são garantir a uniformidade da aplicação e verificar se os valores estão próximos aos planejados.
A avaliação da uniformidade de distribuição da vazão e da CE nos emissores deve ser realizada bimestralmente para identificar possíveis entupimentos na tubulação ou nos emissores.
A uniformidade adequada deve ser superior a 90%. Caso os valores sejam inferiores a essa porcentagem, as causas mais comuns podem ser variações de pressão no sistema de irrigação, vazamentos na tubulação, defeitos nos emissores ou obstruções. Quando essas falhas forem detectadas, é essencial corrigi-las imediatamente.
Aplicação de fertilizantes
Essa aplicação por meio da água de irrigação é realizada utilizando tanques ou caixas com volumes ajustados conforme uma série de aspectos, como:
- tamanho da área a ser fertirrigada;
- vazão do sistema de irrigação;
- tempo disponível para o processo;
- vazão do dispositivo injetor;
- concentração desejada da solução na saída dos emissores.
O uso de fertilizantes convencionais, projetados para aplicação direta no solo, pode ser inadequado para fertirrigação devido à baixa solubilidade. Por isso, é recomendável optar por insumos altamente solúveis e utilizar equipamentos como bombas injetoras ou dispositivos venturi. Caso necessário, a solução pode ser mantida em tanques abertos sob agitação contínua durante a injeção, prevenindo perdas.
Para bombas injetoras hidráulicas, é essencial instalar filtros na entrada da água e, se preciso, também na mangueira de sucção. Após concluir o processo de fertirrigação, a bomba deve ser operada com água limpa por pelo menos cinco minutos para garantir sua limpeza e preservação.
Além das orientações citadas ao longo deste guia prático sobre fertirrigação, faz toda a diferença contar com o suporte de um profissional especializado, como um engenheiro agrônomo. O acompanhamento ajudará a evitar possíveis impactos negativos no solo por uso inadequado da técnica.
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