
Plantio direto e convencional: quais os benefícios de cada um e como escolher o mais adequado?
Para realizar o manejo adequado do solo e adotar as melhores técnicas de cultivo, é preciso definir um sistema bem planejado. No entanto, como escolher entre plantio direto e convencional? Quais são os prós e contras de cada um?
Vale lembrar que a escolha impacta diretamente a produtividade e, consequentemente, o faturamento de cada produtor. Por isso, preparamos este post para explicar os conceitos e apontar as diferenças, vantagens e desvantagens de cada modalidade de plantio. Boa leitura!
O que é o plantio direto?
O plantio direto (PD) tem como principal característica a manipulação mínima do solo. Quando o produtor inicia o cultivo, ele abre um sulco — no qual serão depositados os fertilizantes e as sementes. Aí, os resíduos vegetais (também chamados de palhada) são usados como cobertura para a superfície.
O plantio direto é muito comum nas plantações de soja, por exemplo. Seus 3 pilares são:
- revolvimento mínimo do solo;
- permanência de cobertura morta sobre o solo;
- rotação de culturas.
Vantagens e desvantagens do plantio direto
Primeiro, as vantagens:
- aumento da matéria orgânica presente no solo;
- controle aprimorado da erosão;
- melhoria da estrutura do relevo;
- redução da perda de água do solo;
- equilíbrio na temperatura do solo:
- flexibilidade para os agricultores, já que não serão necessários meses para a colheita de uma nova cultura;
- elevação da atividade biológica;
- redução da necessidade de maquinário;
- retenção de carbono no solo, evitando a liberação excessiva para a atmosfera;
- maior controle do cultivo no momento da semeadura;
- sequestro de carbono no solo, minimizando a emissão do gás para a atmosfera.
Já as desvantagens são:
- necessidade de conhecimento técnico aprimorado por parte do produtor;
- maior incidência de pragas;
- aumento no uso dos defensivos;
- exigência de maquinário específico;
- dificuldade de germinação das sementes em épocas úmidas.
O que é o plantio convencional?
No sistema de plantio convencional, toda a vegetação da área é removida. Depois, a terra será revolvida por meio da gradagem e da aração, técnicas usadas para proporcionar o crescimento das raízes das plantas. Vale notar que no método direto esses procedimentos não são feitos.
O plantio convencional também pode trabalhar com uma aplicação de cal, que serve para combater a acidez do solo, e de defensivos agrícolas, para controlar a proliferação de plantas daninhas e outras pragas.
Depois dessas primeiras etapas, ocorre o plantio. Os cuidados com o solo serão realizados por meio da capina e do uso de defensivos agrícolas e fertilizantes.
Vantagens e desvantagens do plantio convencional
Vantagens:
- aumento da aeração e da infiltração de água no solo;
- destruição eficiente de plantas daninhas e sementeiras;
- elevação do nível de mineralização dos componentes orgânicos, causada pela presença dos microrganismos;
- nivelamento da superfície do solo, para facilitar a colheita, o cultivo e a semeadura;
- incorporação de corretivos, fertilizantes e matéria orgânica ao solo (resultando em um maior nível de decomposição de adubos orgânicos e restos vegetais).
Desvantagens:
- revolvimento excessivo do solo. Isso reduz a fertilidade da terra;
- dificuldade em controlar a erosão, principalmente em solos com declive, o que gera maior necessidade de compactação;
- mais tempo dedicado à preparação do solo;
- necessidade de capinas frequentes, além de outros cuidados;
- mobilização contínua do solo, que pode gerar o surgimento de uma camada compactada. Assim, a infiltração de água e o crescimento de raízes são dificultados no longo prazo;
- maior uso de implementos, gerando gastos extras de combustível com o maquinário adequado para isso.
Como escolher a melhor forma de plantio?
Como vimos, cada modalidade tem seus prós e contras. Para que você faça uma escolha precisa, vamos ressaltar algumas questões específicas que guiam o dia a dia nas lavouras.
Tipos de solo
O plantio direto envolve técnicas que trazem mais benefícios para a saúde do solo, além de reduzir custos — ambos esses objetivos são conquistados no médio e no longo prazo.
Além disso, o plantio direto tem uma preparação rápida em relação ao método tradicional, já que é um sistema mais completo. Também é importante ressaltar que um dos princípios do PD é justamente a rotação de culturas, que traz diversos benefícios para o solo.
Custos
A implementação do plantio direto é geralmente mais cara em relação ao método tradicional, ao menos no início. Isso porque será necessário contar com profissionais qualificados para tocar os trabalhos e máquinas específicas.
No entanto, a tendência é que o lucro seja maior ao longo do processo — fora a capacidade de manter a fertilidade do solo.
Clima
O plantio direto não é tão eficiente em áreas pouco permeáveis ou com um clima naturalmente úmido. Isso não significa que a plantação estará ruinada, mas sim que a germinação será mais difícil. Nesse cenário, o método convencional pode ser a melhor opção.
Contudo, o plantio direto trabalha com palhas e resíduos orgânicos, que evitam oscilações altas de temperatura durante o dia. Isso traz mais equilíbrio para a temperatura do solo.
Um detalhe interessante é que o plantio direto foi introduzido aqui mesmo, no Brasil: em 1974, agricultores implementaram essa técnica em Campo Mourão, no Paraná, uma região naturalmente mais fria que a maior parte do país. Com o sucesso, ela se espalhou para o resto do Brasil.
Objetivos de produção
Por ter a rotação de culturas um modelo mais conservacionista de tratar o solo, o plantio direto tende a garantir maior produtividade, em números gerais. Inclusive, essa versatilidade é importante para lidar com períodos de seca.
De acordo com uma reportagem Canal Rural, o plantio direto é mais econômico para culturas de soja, por exemplo, já que aumenta em até 11% a eficiência do uso da água.
Contudo, o plantio convencional aposta no revolvimento da terra para aumentar a atividade dos microrganismos responsáveis pela mineralização da matéria orgânica e nutrição das plantas.
Outro ponto positivo do sistema é que o plantio convencional é eficiente para combater plantas invasoras. Portanto, a escolha definitiva deve levar em conta os prós e os contras de cada método e as necessidades do produtor.
Nível de conhecimentos exigido
O nível de conhecimento técnico exigido para a implementação do plantio direto é maior. Nesse sentido, produtores que trabalham com áreas menores podem preferir o método tradicional, que é mais simples.
Exemplos disso são o controle de ervas daninhas e as atividades de compactação do solo, que são essenciais para o plantio técnico e que requerem maior conhecimento e gastos mais elevados.
Uso de tecnologias
Para produtores que querem modernizar as práticas em sua propriedade, os dois sistemas se beneficiam do uso de tecnologias e de um modelo de cultivo baseado na agricultura de precisão. A aplicação concentrada de fertilizantes e defensivos agrícolas, por exemplo, pode ser feita por meio de drones e controlada por um sistema de gestão.
Além disso, há tecnologias para realizar o mapeamento da fertilidade de toda a área plantada por meio da análise georreferenciada, assim como o sensoriamento remoto para o controle de pragas, o mapeamento de ervas daninhas e a identificação de áreas improdutivas.
Como você viu neste post, há diferenças entre plantio direto e convencional. Enquanto o primeiro adota uma linha conservacionista (inclusive, com o uso de cobertura morta), o segundo aposta no revolvimento intenso do solo. Os dois métodos são bastante utilizados e têm vantagens e desvantagens, o que demanda cuidado e atenção para a escolha adequada.
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