
Biorremediação de solos: o que é e como funciona?
Muitos compostos que afetam a agricultura têm sido introduzidos no meio ambiente pela atividade humana. A exposição a esses contaminantes causa diversos riscos ao ambiente e à saúde humana. Por isso, é muito importante conhecer técnicas, como a biorremediação de solos para recuperação e manutenção natural das plantações.
Neste artigo, vamos explicar o conceito de biorremediação e como ela funciona. Também vamos comentar sobre a importância de se preocupar com essa questão e as vantagens em aplicar essa técnica. Boa leitura!
O que é biorremediação de solos?
A biorremediação ou “remediação biológica”, como também é chamada, é uma técnica adotada para minimizar os impactos ambientais provocados pela poluição.
Ela é composta de agentes biológicos degradadores, especialmente micro-organismos como fungos e bactérias no solo, assim como enzimas, leveduras, que recuperam áreas contaminadas pela poluição e melhoram a qualidade do solo.
Como funciona a biorremediação de solos?
Os microrganismos neutralizam ou removem diversos poluentes tóxicos (inorgânicos e orgânicos) do meio ambiente, presentes nos solos e águas (superficiais ou subterrâneas), entre outros locais. Nesse processo de remediação biológica, o contaminante é digerido e metabolizado, levando à liberação de gás carbônico (CO2) e água (H2O).
Basicamente, há dois tipos de biorremediação do solo: a In-situ e Ex-situ, conforme mostramos a seguir.
Biorremediação In-situ
O tratamento do material contaminado é realizado no próprio local, apresenta baixo custo e permite aplicação em grandes áreas. Contudo, é um processo mais lento. Sua aplicação pode ser realizada por diferentes técnicas, como:
- Atenuação natural — também conhecida como “biorremediação passiva ou intrínseca”, ela emprega uma descontaminação lenta e exige o monitoramento do local por um extenso período;
- Bioaumentação — aplicação de microrganismos com alto potencial de degradação dos contaminantes. Indicada quando o local apresenta grande deterioração;
- Bioestimulação — estímulo da atividade dos microrganismos por meio da adição de nutrientes orgânicos e inorgânicos no ambiente degradado;
- Fitorremediação — estimulação dos microrganismos por meio da adição de plantas no local degradado. Normalmente, essa técnica é utilizada quando o local está contaminado por metais pesados;
- Landfarming — aplicação periódica de resíduo oleoso com alta concentração de carbono orgânico no local degradado.
Biorremediação Ex-situ
Nesse caso, o tratamento do material contaminado é realizado em local diferente da sua origem. É mais recomendada quando há risco de rápida propagação dos contaminantes, podendo ser aplicado por meio das técnicas de:
- biorreatores — o solo contaminado é colocado em grandes tanques fechados e misturado com água. Dessa forma, cerca de 10% a 40% dos resíduos sólidos ficam em suspensão, sendo aerados por meio de um sistema de rotação;
- compostagem — o solo é removido do local e organizado em forma de pilhas. Os micro-organismos transformam a poluição em matéria orgânica, gás carbônico (CO2) e água (H2O).
Por que se preocupar com essa possibilidade?
O crescimento da população mundial trouxe a necessidade de produzir mais alimentos, o que levou a um processo de industrialização da agricultura. Segundo a pesquisadora social, Arlete Moyses Rodrigues, autora do livro “Produção do espaço e ambiente urbano”, entre as diversas consequências do processo da industrialização no ambiente da agricultura, está o aumento dos sistemas agrícolas. Além disso, os fluxos de resíduos e a frequência de acidentes com diversos tipos de poluentes.
Uso de defensivos agrícolas
A poluição provocada pelo uso inadequado de defensivos agrícolas também preocupa os especialistas. Segundo o professor e pesquisador Jackson Marcondes (Departamento de Biologia Aplicada à Agropecuária da Unesp – Universidade Estadual Paulista), até há pouco tempo, as plantas transgênicas eram consideradas um importante meio de reduzir o uso de defensivos. Mas, atualmente, as que foram lançadas há algumas décadas não apresentam mais resistência às pragas.
De acordo com o professor Marcondes, isso acontece porque os insetos evoluíram. Dessa forma, são pesquisadas novas ferramentas de transgenia e novos defensivos agrícolas para combatê-los, aumentando os riscos ao ambiente.
Nesse sentido, o uso da biorremediação na forma de uma ferramenta natural que acelera e otimiza os processos biológicos de descontaminação se apresenta como uma alternativa essencial para atenuar os danos causados pelos poluentes no solo e na água.
Quais são as principais vantagens de investir em biorremediação de solos?
A principal vantagem da biorremediação se encontra na segurança que a técnica proporciona, já que ela não afeta o meio ambiente nem as comunidades do seu entorno. Além disso, é um processo de baixo custo quando comparado a outras técnicas de tratamento para as áreas degradadas.
A propósito, os investimentos em processos de biorremediação cresceram muito nos últimos 30 anos, devido à crescente preocupação ambiental, bem como às vantagens associadas à degradação de contaminantes com a utilização de microrganismos.
De acordo com os dados da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), o número de patentes registradas em biorremediação apresentou um grande salto. Em 1982, eram apenas 3 e, em 2014, somavam 529. Isso aconteceu, principalmente devido aos esforços de empresas norte-americanas, chinesas e japonesas. Além disso, as universidades e órgãos governamentais se preocuparam com a busca por alternativas naturais.
O crescimento no uso dessa técnica se reflete na movimentação financeira. Segundo estudo realizado pela organização Transparency Market Research, o mercado global relacionado às tecnologias e serviços de biorremediação teve uma avaliação na casa dos US$ 32 bilhões em 2016 e, segundo essa instituição, deve alcançar o valor de US$ 65 bilhões até 2025.
Para que tipo de plantação essa opção é mais vantajosa?
A biorremediação pode ser aplicada em qualquer tipo de plantação que tenha sofrido acidentes ambientais, como:
- vazamento de petróleo (hidrocarbonetos) no oceano;
- derramamento de resíduos fabris;
- solos contaminados com metais;
- contaminação pelo uso excessivo de defensivos agrícolas;
- aterros sanitários.
Conforme mostramos ao longo deste artigo, a biorremediação de solos é uma alternativa essencial e eficiente para a recuperação de áreas agrícolas, já que usa micro-organismos que não agridem o ambiente nem as pessoas em seu entorno. Dessa forma, o agricultor consegue melhorar a qualidade do solo e, por consequência, a sua produção agrícola.
Essas informações foram úteis? Para aprofundar e ampliar os seus conhecimentos sobre o assunto, gostaríamos de convidá-lo para a leitura de outro artigo que trata da degradação do solo e seus efeitos.