
Quando a dessecação para colheita antecipada vale a pena?
A dessecação na pré-colheita é uma técnica-chave para os agricultores brasileiros que buscam reduzir ao máximo as perdas, especialmente quando o assunto é cultivo de grãos.
Ela é uma aliada no controle de plantas daninhas, na promoção de uma maturação mais uniforme, além de possibilitar uma colheita otimizada, o que beneficia também as safras subsequentes, como o milho safrinha.
Porém, para fazer essa etapa com maestria, é preciso seguir um planejamento adequado e o que considerar nesse processo.
Para isso, preparamos um guia completo com um passo a passo descomplicado, detalhando os principais produtos que podem ser utilizados e as melhores técnicas. Boa leitura!
O que é e como é feita a dessecação na agricultura?
É uma técnica que utiliza um produto químico para secar a cultura de maneira artificial. Após a aplicação, todas as partes verdes da planta secam rápida e completamente. De maneira geral, há dois princípios ativos, Diquat e Paraquat, que possuem as características adequadas para serem usados nesse processo de dessecação.
O Diquat é especialmente indicado para a dessecação da cultura de soja e para o controle de plantas daninhas de folhas largas.
O Paraquat possui uma ação semelhante, no entanto, sua utilização foi proibida pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) em 2017.
Como realizar uma dessecação eficiente para colheita antecipada?
Separamos os principais aspectos que devem ser levados em consideração para uma excelente dessecação.
Realize na fase fisiológica certa
Primeiramente, é importante ressaltar que esse processo jamais deve ser realizado antes da maturação fisiológica dos grãos.
No caso da dessecação da soja, por exemplo, esta deve ser realizada a partir do estádio R7, mais precisamente no estádio R7.3, que corresponde à fase de maturação fisiológica completa. A presença de vagens maduras na haste principal sinaliza o início desse estágio de desenvolvimento.
Segundo a Embrapa, a dessecação realizada em estádios anteriores, como R5/R6, pode resultar em perdas de até 25%.
Isso ocorre porque, além da ausência de maturidade fisiológica completa, a produtividade dos grãos e a qualidade das sementes são prejudicadas. A quantidade de impurezas (como grãos pequenos) aumenta, e o valor comercial, especialmente para exportação, é reduzido.
Avalie a umidade ideal dos grãos
Ainda conforme os pesquisadores da Embrapa, a colheita deve ser feita quando a umidade dos grãos estiver entre 13% e 15%. Trabalhar dentro dessa faixa contribui para reduzir problemas mecânicos.
Para determinar esse ponto, o agricultor deve realizar um teste de 5 a 7 dias antes do início da colheita. Isso pode ser feito por meio de uma amostragem no talhão para avaliação.
Se a umidade estiver dentro da faixa ideal, o produtor pode proceder com a atividade em toda a propriedade.
É importante monitorar a lavoura com antecedência, pois esse teor pode variar ao longo do processo de colheita, especialmente em áreas que demoram mais para ser colhidas ou se houver registros de chuvas em partes da área.
Leve em consideração a agrometeorologia
Se ocorrerem períodos chuvosos após a dessecação, a qualidade dos grãos pode ser comprometida devido à demora na colheita.
Afinal, quanto mais tempo eles permanecem no campo sob condições de umidade, maiores são as perdas. Esses prejuízos ocorrem principalmente devido à abertura das vagens, contaminação por patógenos e à germinação dos grãos.
Realize a revisão do maquinário
Para evitar problemas inesperados, é importante realizar uma revisão completa das colheitadeiras antes de iniciar o processo. Essa etapa abrange a regulagem de componentes como o molinete, a barra de corte, os cilindros e as peneiras, entre outras partes da máquina.
Também é vital calibrar os sensores do equipamento, que fornecem dados digitais sobre a operação, como a umidade e o volume em diferentes áreas do talhão.
Configure a velocidade da colheitadeira
Não esqueça de monitorar a velocidade das colheitadeiras para garantir uma operação eficiente e bem organizada. A velocidade ideal do maquinário deve variar entre 4 km/h e 6,5 km/h.
Também é indispensável calibrar o molinete, que é responsável pelo recolhimento, para evitar que os grãos sejam lançados para fora da máquina.
Lembre-se que operar o maquinário a uma velocidade muito baixa pode causar atrasos na colheita, afetando o plantio de safras futuras. Por outro lado, se a velocidade for excessivamente alta, pode resultar em danos aos grãos e comprometer a qualidade da colheita.
A escolha do dessecante
Sempre utilize defensivos que possuam registro no Ministério da Agricultura (MAPA) e que sejam recomendados para o processo.
Após a proibição do Paraquat, ingredientes ativos como Diquat e Glufosinato de Amônio são alternativas válidas.
O glifosato também pode ser usado, desde que a cultivar não seja RR (resistente à molécula). No entanto, é importante considerar que há várias plantas daninhas imunes a esse defensivo, como a buva (Conyza bonariensis), amargoso (Digitaria insularis), capim pé-de-galinha (Eleusine indica), entre outras, amplamente distribuídas nas regiões do Brasil.
Outros princípios ativos que têm sido usados, especialmente no Cerrado, incluem a Flumioxazina e a Carfentrazona-etílica.
Além de escolher o produto apropriado, é importante avaliar seu funcionamento, pois a eficácia dos dessecantes pode variar entre diferentes cultivares. Ignorar esses fatores pode comprometer o planejamento da colheita, resultando no acúmulo de áreas a serem colhidas, além de prejudicar o principal objetivo da dessecação, que é acelerar o processo e manter a qualidade do produto (grão).
Tenha atenção com a deriva
Ao aplicar o dessecante é preciso tomar muito cuidado para não haver deriva, ou seja, o fenômeno em que partículas do produto se dispersam e se deslocam para áreas fora da zona alvo de aplicação, que pode chegar às lavouras próximas.
Lembre-se de que o defensivo não é seletivo e sua ação ocorre principalmente pelo contato.
A orientação de um profissional
Alguns produtos não são adequados para a dessecação, por isso, é importante sempre avaliar o efeito na cultura e as plantas daninhas presentes na área, além do período residual para a cultura subsequente.
Por exemplo, alguns defensivos podem ser fitotóxicos para o milho, exigindo um intervalo antes da semeadura, o que pode ser problemático quando a dessecação visa acelerar a colheita para antecipar a safrinha.
Portanto, contar com a orientação de um profissional, como um engenheiro agrônomo, para o planejamento, escolha do produto e dose, além do acompanhamento da área, é fundamental.
O período de carência
Refere-se ao intervalo entre a aplicação e a colheita, que varia de sete a dez dias. Esse período é indispensável para evitar a presença de resíduos nos grãos, assegurando, portanto, a segurança alimentar.
Armazenamento
Após a colheita, o produtor deve armazenar a produção em locais adequados para manter a qualidade e a quantidade dos grãos.
Seguir as orientações técnicas é importante como práticas corretas de higienização, secagem, carregamento e distribuição. Esses aspectos ajudam a assegurar a integridade da safra e a preservação do seu valor comercial.
Quando a dessecação vale a pena?
A dessecação é recomendada quando há plantas daninhas ainda verdes na lavoura, na época da colheita, ou quando a cultura apresenta maturação desigual.
Explicando melhor, ela pode ser aplicada para antecipação da colheita pois, em condições normais, os grãos atingem a maturidade fisiológica de dez a quinze dias antes da secagem natural da planta no campo, permitindo assim a aceleração da semeadura.
Ela também é indicada para reduzir as perdas, seja devido a condições climáticas adversas ou a ataques de pragas e doenças.
Além disso, resulta em um melhor funcionamento e maior eficiência das colheitadeiras e maior aproveitamento das safras.
A colheita pode ser realizada sem a dessecação?
Sim, mas devem ser considerados os contras dessa prática. Pois com a secagem natural, será preciso verificar as previsões meteorológicas e demais fatores limitantes que possam ocasionar prejuízos ou atrasos.
É importante avaliar todos os riscos associados antes de tomar essa decisão. Para isso, realize um planejamento agrícola detalhado, com antecipação de todas essas condições antes do plantio.
Como máquinas agrícolas modernas podem contribuir para uma colheita eficiente?
Os maquinários modernos são fundamentais para ampliar a capacidade produtiva, especialmente na colheita após a dessecação. Com elas, o agricultor pode obter uma safra mais uniforme e eficiente em menos tempo, aproveitando melhor os recursos disponíveis.
Afinal, a sua adoção reduz os custos com mão de obra, já que muitas tarefas, especialmente na hora da colheita, podem ser substituídas por equipamentos automatizados, diminuindo o tempo necessário para a execução das atividades.
No entanto, para que essa etapa seja bem aproveitada, é importante conhecer bem os detalhes da cultura implantada, pois isso garante plantar no momento ideal, selecionar as cultivares mais adequadas para cada ambiente de produção, otimizar o monitoramento da lavoura e ajustar os manejos conforme o desenvolvimento vegetativo da planta e aproveitar bem os implementos.
Como vimos, a dessecação, quando aplicada corretamente, é uma prática que pode antecipar a colheita e trazer diversos benefícios para o produtor. Além disso, facilita o plantio da safrinha, promove a uniformidade da lavoura e pode resultar em uma colheita mais eficiente.
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