Agricultura de exportação: produção e principais produtos
A agricultura de exportação brasileira desempenha um papel essencial no abastecimento, além de ser decisivo na diminuição da falta de segurança alimentar em todo o mundo.
Afinal, desde o início dos anos 2000, o comércio de produtos agrícolas apresentou um crescimento expressivo, com aproximadamente 8% em valores reais entre 2001 e 2014, de acordo com a Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa). Por isso, é fundamental ficar atento a esse tema, bem como aos principais itens comercializados.
Neste artigo, você esclarecerá essas principais dúvidas, além de saber qual tipo de exportação do agro é mais exigida. Confira!
O que é a agricultura de exportação?
A agricultura de exportação refere-se ao tipo de atividade em que a produção é destinada para outros países. Esse é um ponto essencial para o desenvolvimento da América Latina, pois mitiga os choques exógenos — como possíveis crises — e diminui os riscos econômicos regionais.
Nos últimos anos, segundo a Embrapa, a sua participação no mercado global tem aumentado significativamente. Contudo, a previsão é a de que, nas próximas décadas, o crescimento seja menor do que nos anos anteriores a 2021, devido à desaceleração das exportações brasileiras e argentinas.
Como são exportados os produtos agrícolas brasileiros?
A exportação é realizada por meio de portos e aeroportos espalhados pelo país. Dessa forma, as commodities agrícolas são transportadas, principalmente, por navios cargueiros — como Santos (SP), Paranaguá (PR) e Itajaí (SC) — com destino aos mercados internacionais.
Já no caso daqueles bens com maior valor agregado ou que necessitam de maior agilidade no transporte — como frutas frescas ou flores —, esse procedimento é realizado por via aérea.
Um dado interessante sobre esse tema é que, de acordo com um estudo recente realizado pela Embrapa e confirmado pela NASA, apenas 7,6% da área do país é usada para atividades agrícolas.
Para se ter uma ideia, veja a porcentagem de território cultivado de outras nações:
- Reino Unido: 64%;
- Alemanha: 57%;
- Estados Unidos: 18,3%;
- China: 17,7%;
- Índia: 60,5%.
Isso mostra que o Brasil tem muito potencial pela frente na agricultura de exportação nos próximos anos.
Qual é o principal produto exportado?
A soja é o principal foco da pauta de exportações brasileiras do agro, com produção estimada entre 312,5 milhões de toneladas só na safra 22/23. As projeções ainda apontam para um crescimento no mundo inteiro, principalmente na Ásia. Isso porque a China vem se destacando como a maior importadora do insumo.
Essa é a cultura agrícola de maior destaque no Brasil. Com investimentos contínuos, ela alimenta o mercado interno com óleo comestível, além de ser usada na produção de biodiesel e farelo destinado à criação de aves e suínos.
Além disso, os números indicam que a sua exportação é uma das principais fontes de renda no país: em junho de 2020, registramos 10.840 milhões de toneladas, de acordo com a Abiove.
Quais são as atividades com maior volume de exportação?
Além da soja, outros produtos têm grande relevância nas exportações brasileiras. Confira!
Setor florestal
As exportações de produtos florestais estão concentradas em celulose e papel. Isso porque a madeira sólida têm perdido espaço, além de precisar de profissionalização e abertura de novos mercados, assim como o movimento da preservação das matas nativas brasileiras.
Além disso, a pandemia de Covid-19 afetou diversos segmentos industriais. Entretanto, o setor florestal tem se mantido em alta a longo prazo.
Minério de ferro e seus concentrados
No Ranking dos produtos mais exportados pelo Brasil em 2023, o minério de ferro ocupa o terceiro lugar. É uma matéria-prima indispensável para a economia, contribuindo com 9,9% dos totais.
Inclusive, a China é um dos maiores compradores do minério. Embora possa extraí-lo em quantidade, a qualidade das suas reservas não é comparável com a das brasileiras.
Petróleo
O Brasil também se destaca na exportação do petróleo bruto e seus derivados, sendo um dos principais países produtores do mundo — contribuindo significativamente para a balança comercial brasileira.
Para se ter uma ideia, o Rio de Janeiro liderou essa produção, com 82,1% do valor FOB — o que totalizou US$ 24,9 bilhões. Foi seguido de São Paulo e Espírito Santo.
Açúcares
O açúcar é outro produto agrícola de destaque, especialmente para a variedade VHP (Very High Polarization), muito demandada na indústria alimentícia.
Carne
A produção de carne bovina, suína e de aves também é um dos pilares da agricultura, atendendo a mercados exigentes e diversificados.
Para se ter uma ideia, a de frango é de grande importância para consumo interno e para exportação. Inclusive, o país possui o quarto maior rebanho de galináceos do globo, atingindo 5,6% — ou 1,5 bilhão de cabeças — em 2020. Entre os três maiores, estão a China (19,2%), a Indonésia (14,7%) e os Estados Unidos (7,5%).
O país obteve o terceiro lugar mundial na produção de suínos em 2020, com 41 milhões de cabeças — equivalente a 4,4% do total. A China é o líder absoluto, responsável por 41,1% da produção global, seguida dos Estados Unidos, que detém 8,4%. Embora a Peste Suína Africana tenha sido superada, o consumo chines de suínos está principalmente focado no mercado interno.
Já para o setor bovino, entre 2000 e 2020, o Brasil obteve ganhos de US$ 265 bilhões com exportações de carne bovina. Em 2020, o país alcançou a liderança mundial em exportações de carne bovina, representando 14,4% do mercado internacional — ultrapassando a Austrália, os Estados Unidos e a Índia.
Qual foi o número de exportações brasileiras no último ano?
Em dezembro de 2022, de acordo com os dados do Governo Federal, as exportações do setor agropecuário somaram US$ 11,32 bilhões, um aumento de 15,4% em comparação com o mesmo período do ano anterior (US$ 9,81 bilhões).
Além disso, a alta nos preços também contribuiu para essa expansão. As cinco principais áreas exportadores foram:
- cereais, farinhas e preparações (19,3%);
- complexo de soja (19,2%);
- carnes (16,7%);
- produtos florestais (10,5%);
- complexo sucroalcooleiro (10,4%).
Qual é a importância do Brasil na agricultura mundial?
O nosso país ocupa o quarto lugar mundial em exportações de grãos (entre eles, arroz, cevada, soja, milho e trigo) — atrás somente da União Europeia, dos Estados Unidos e da China. Além disso, o Brasil é o maior exportador de carne bovina do planeta, com o maior rebanho bovino comercial.
De acordo com a Secretaria de Inteligência e Relações Estratégicas (Sire) da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa), a soja brasileira possui uma parcela de 50% no mercado mundial, o que a colocou como segundo maior exportador do produto em 2020.
Ou seja, o setor agrícola brasileiro tem expandido consideravelmente nos últimos anos, destacando-se também a nível internacional por causa da inovação e da busca por meios sustentáveis para reduzir os impactos ambientais. O país tem demonstrado enormes progressos nessa área, e, como resultado, tem se tornado referência nas tecnologias verdes.
Em suma, a importância da agricultura nacional para o cenário global é reiterada pela própria diretora-geral da Organização Mundial do Comércio (OMC), Ngozi Okonjo-Iweala, durante sua visita à Frente Parlamentar da Agropecuária. Na ocasião, ela declarou que o mundo depende da produção nacional.
Qual é o tipo de agricultura voltada para a exportação?
O tipo de agricultura exato para exportação é aquele que se destaca pela alta produtividade, qualidade dos produtos, competitividade no mercado internacional e atendimento aos padrões e requisitos de outros países importadores.
Dessa forma, não há um único modelo de agronegócio que seja considerado ideal, pois isso varia de acordo com as demandas e preferências mundiais. No entanto, alguns aspectos comuns que contribuem para uma agricultura com potencial exportador incluem:
- culturas de alto valor — produtos agrícolas, como frutas, hortaliças, produtos processados, café, cacau, flores e outros itens especiais, pois têm uma demanda global constante e apresentam preços mais atrativos no mercado internacional;
- produtos com qualidade e segurança alimentar — países importadores, geralmente, têm regulamentações rigorosas quanto à qualidade. Boas práticas agrícolas, como o uso adequado de defensivos, rastreabilidade dos itens e conformidade com padrões internacionais, têm mais chances de acessar nichos exigentes e melhor custeio agrícola;
- sustentabilidade — a adoção dessas práticas, com foco na preservação dos recursos naturais, proteção ambiental e bem-estar social, é cada vez mais valorizada pelos consumidores e importadores ao redor do mundo;
- certificações e padrões internacionais — modelos como Global GAP, Fair Trade e orgânico, entre outros, pode ajudar a aumentar a credibilidade;
- acesso a mercados — canais de distribuição, logística eficiente, infraestrutura adequada e acordos comerciais favoráveis são cruciais para abrir portas para o exterior;
- capacidade de atender à demanda externa — a agricultura voltada para a exportação deve ser capaz de atender aos requisitos de volume, regularidade e qualidade exigidos pelos importadores.
É importante ressaltar que o modelo ideal para exportação pode variar dependendo das condições locais, do clima, dos recursos disponíveis, do perfil do agricultor e das necessidades do comércio.
Nesse sentido, também é essencial realizar pesquisas, conhecer as preferências dos importadores e planejar adequadamente antes de ingressar na exportação. A diversificação da produção também pode ser uma estratégia inteligente para mitigar riscos e aproveitar oportunidades em diferentes nichos.
Como você pode perceber, a agricultura de exportação é uma fonte significativa de receitas para muitos países. Afinal, elas impulsionam a economia nacional — e o Brasil é um grande gigante nesse quesito, tanto hoje, como no futuro.
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