floresta de eucalipto jacto

Floresta de eucalipto e a recuperação de áreas devastadas

O cultivo de florestas de eucalipto oferece uma série de benefícios diretos e indiretos para propriedades rurais e suas comunidades. Originário da Oceania, existem registros de aproximadamente 730 espécies reconhecidas em todo o mundo.

Entretanto, apenas cerca de 20 tipos são aproveitados para fins comerciais. Ainda assim, tem ganhado destaque a recuperação de áreas degradadas, que é um tema de grande debate para a sustentabilidade no agronegócio. Apesar de ser um cenário desafiador, pode trazer bons retornos financeiros para o produtor.

Pensando nisso, preparamos este artigo que abordará a importância dessas florestas, os principais mitos sobre essa cultura e como utilizá-la para a recuperação ambiental de maneira prática.

Boa leitura!

O que são florestas de eucalipto?

São áreas plantadas predominantemente com árvores do gênero Eucalyptus, de crescimento rápido e folhas aromáticas. Essas florestas são geralmente cultivadas para fins comerciais e industriais, devido à madeira de alta qualidade e versatilidade que o eucalipto proporciona, além de estar inserida na agricultura de exportação.

Alguns dos seus principais usos incluem:

  • indústria de papel e celulose: o eucalipto é amplamente utilizado na produção de papel e celulose devido à sua fibra longa e resistente;
  • produção de madeira serrada: a sua madeira é usada na fabricação de móveis, na construção, em pisos e em outras aplicações de madeira serrada;
  • energia: ela é uma fonte de biomassa, como lenha e pellets de madeira;
  • produtos químicos: é uma fonte de óleos essenciais usados na indústria de fragrâncias e aromas.

Qual é a importância das florestas de eucalipto?

As florestas de eucalipto detêm o título de espécie arbórea de maior plantio industrial no Brasil. O seu ciclo de crescimento varia de acordo com as condições climáticas e o solo específico de cada propriedade, assim como a finalidade da madeira.

Além disso, o período para início da colheita pode variar entre 6 e 8 anos, quando o objetivo é a produção de lenha, carvão vegetal, mourões ou celulose. Por outro lado, em plantações voltadas para a obtenção de madeira serrada, a colheita geralmente ocorre após os 12 anos de crescimento das árvores.

Uma particularidade notável da planta de eucalipto reside em sua capacidade de rebrota. Após o primeiro corte, ocorre o surgimento de uma nova planta a partir do toco (cepa) que permanece no solo. Esse processo viabiliza a realização de mais dois cortes, representando uma vantagem significativa para o produtor — que pode, com um único plantio, efetuar três colheitas distintas.

Quais são os mitos associados às florestas de eucalipto?

Existem algumas controvérsias sobre o plantio dessa cultura por acreditar-se que ela traz danos ambientais. Por isso, vamos abordar os principais mitos e apontar a verdade com embasamento científico.

O primeiro deles é sobre o esgotamento da umidade do solo. Na realidade, as raízes do Eucalyptus se concentram principalmente nas camadas superficiais — normalmente, até 2 metros de profundidade —, sem afetar o lençol freático, já que suas raízes não alcançam tão fundo. É relevante lembrar que o consumo de água das florestas de eucalipto é comparável ao da natureza.

Outra ideia equivocada está relacionada ao solo, já que é amplamente difundido o mito de que o eucalipto o empobrece. Na realidade, quando comparado com a agricultura, que envolve ciclos anuais, o eucalipto possui ciclos mais longos — em torno de sete anos. Durante esse período, desempenha um papel benéfico para o solo, protegendo-o e contribuindo para aprimorar sua drenagem, aeração e capacidade de retenção de água.

Por fim, temos outro mito sobre o prejuízo da biodiversidade. É importante abordar o compromisso sólido do setor de florestas plantadas com tal preservação. As florestas nativas são tratadas com respeito, e as de eucalipto são cultivadas em harmonia com as áreas de reserva natural.

Essa abordagem local possibilita a criação de corredores ecológicos que promovem a presença de uma fauna e flora diversificadas, contribuindo para reduzir os efeitos das mudanças climáticas, por exemplo. Além disso, em regiões previamente desmatadas, o plantio de florestas de eucalipto resulta em um notável aumento na biodiversidade.

Como a floresta de eucaliptos pode ajudar na recuperação de áreas devastadas?

O que muita gente desconhece é que o eucalipto desempenha um papel crucial na recuperação das áreas degradadas. O solo é adequadamente preparado para o plantio e, ao final de um período de seis a sete anos, durante a colheita, as cascas, folhas e galhos (que contêm cerca de 70% dos nutrientes da árvore) permanecem no local e se integram ao solo, enriquecendo-o com matéria orgânica.

Para se ter uma ideia, 40% da vegetação no Brasil sofreu degradação ao longo do período de 2001 a 2021. Paralelamente, houve um aumento de 33% na expansão da vegetação agrícola, abrangendo áreas na Amazônia, no Centro-Oeste e em partes do Sudeste e Sul do país. Contar com essa cultura, além de ecologicamente correta, contribui para recuperação da devastação.

Além de recuperar, gera lucros

Bem como contribui para a economia, o setor de floresta plantada de eucalipto desempenha um papel excepcional na inclusão social, com geração de empregos. Ainda, impacta diretamente e indiretamente cerca de 3,8 milhões de pessoas, especialmente em relação com o setor primário e de processamento industrial.

Conforme os dados da Agência Brasil, as florestas plantadas no país — o que envolve diversas espécies de árvores — ocupam uma área total de 9,5 milhões de hectares, sendo destinadas a diversos fins:

  • 36% para produção de papel e celulose;
  • 29% para madeira em tora;
  • 12% para abastecer a siderurgia a carvão vegetal;
  • 10% em ativos florestais, como teca e eucalipto;
  • 6% para a fabricação de painéis de madeira e pisos laminados;
  • 4% para a produção de produtos sólidos de madeira;
  • 3% em outros segmentos diversos.

Esse amplo espectro de usos reflete a versatilidade e a importância das florestas plantadas no cenário econômico e social do país, juntamente com as tecnologias e a evolução das ferramentas agrícolas.

Além disso, as florestas plantadas agora representa cerca de 1,2% do Produto Interno Bruto (PIB) do país, devido a sua capacidade de fornecer uma ampla gama de produtos e subprodutos.

Como identificar uma área degradada?

Uma área degradada é aquela que, após sofrer deterioração, não consegue recuperar seu estado anterior por meio de processos naturais, que afetam desde os agregados do solo, até o restabelecimento do ecossistema. Em contrapartida, uma área alterada ou perturbada, mesmo após sofrer impactos, mantém recursos de regeneração natural capazes de resolver o problema ao longo do tempo.

O procedimento técnico estabelecido para restaurar essas áreas é formulado no âmbito do Plano de Recuperação de Áreas Degradadas (PRAD) — parte integrante dos estudos exigidos no processo de Licenciamento Ambiental.

O PRAD deve compilar informações, diagnósticos, levantamentos e análises que permitem a avaliação da degradação ou alteração e, consequentemente, a definição das medidas apropriadas para a recuperação da área. Ele pode ser aplicado tanto de maneira preventiva quanto corretiva.

Passo a passo para recuperar uma área degradada

O plantio de espécies nativas em áreas de reflorestamento pode acarretar despesas que os produtores rurais, sobretudo os de origem familiar, não conseguem suportar.

Portanto, a regeneração natural e o crescimento de espécies nativas sob o dossel de eucaliptos formaram a estrutura de um modelo projetado para revitalizar áreas e transformá-las em florestas. Essa é uma alternativa interessante e que pode trazer retorno ao produtor — como a madeira da cultura.

Uma pesquisa publicada neste ano na revista Veja enfatizou que a restauração dessas regiões é facilitada pela introdução de espécies não nativas de crescimento rápido, com destaque para o eucalipto.

Isso ocorre, principalmente, devido ao fato de que essas espécies exóticas fornecem um ambiente propício para o retorno natural das nativas. No entanto, esse procedimento envolve um processo cuidadoso e estruturado.

A seguir, veja um passo a passo simplificado sobre como proceder!

Passo 1: Avaliação e planejamento

Determine a extensão e os tipos de degradação presentes, e as condições do solo. Avalie o que se deseja alcançar com o plantio e demais benefícios, além da restauração da área — como a produção de madeira e celulose.

Por fim, verifique as regulamentações locais relacionadas à floresta de eucalipto, que podem variar dependendo da região.

Passo 2: Preparação do solo

Faça a limpeza da área, utilize pulverizadores para eliminação de pragas regionais e remova os detritos ou obstáculos que possam impedir o plantio. Além disso, realize uma análise de solo para determinar se é necessário ajustar o pH ou fornecer nutrientes.

Verifique os espaçamentos — geralmente, as plantações são estabelecidas com delimitações que variam de 3×2 a 3×3 metros, o que facilita a realização de práticas de manejo mecânico.

Passo 3: Escolha das espécies de eucalipto

Escolha variedades que sejam apropriadas para as condições locais de solo e clima, levando em consideração seus objetivos. Atualmente, as espécies mais empregadas, devido às qualidades de suas madeiras, incluem:

  • Eucalyptus grandis;
  • Eucalyptus saligna;
  • Eucalyptus urophylla;
  • Eucalyptus viminalis;
  • híbridos de E. grandis x E. urophylla;
  • Eucalyptus dunnii — especificamente na Região Sul do Brasil.

A floresta de eucalipto citriodora, inclusive, é uma das mais requisitadas pela sua qualidade em campo.

Passo 4: Plantio

Plante as mudas de eucalipto nas covas preparadas, seguindo as recomendações de espaçamento e profundidade. Forneça irrigação adequada para garantir o seu estabelecimento e mantenha a área livre de ervas daninhas — elas podem competir com as mudas por recursos.

Passo 5: Colheita

Nesse processo, a floresta de eucalipto encorpará matéria orgânica ao solo para boa reestruturação e melhor agregado. Portanto, além da sua adoção ser estratégica, ela proporciona um retorno a longo prazo.

Dessa forma, as plantações destinadas à produção de lenha, carvão vegetal, moirões e madeira para a indústria de celulose são, geralmente, colhidas quando as árvores atingem entre 6 e 8 anos de idade. No entanto, no caso de plantios voltados para a produção de madeira serrada, a colheita ocorre após 12 ou 13 anos de crescimento.

Esse foi o nosso artigo relacionado à floresta de eucalipto, com informações cruciais sobre a sua utilização em áreas degradadas. Com o passo a passo detalhado, será possível iniciar o planejamento, considerando o que é preciso para uma recuperação à longo prazo, bem como o aproveitamento de recursos dessa cultura.

Gostou do post? Na Jacto, fornecemos informações atualizadas sobre vários setores da agricultura brasileira. Explore mais conteúdos semelhantes em nosso blog!

Compartilhe !

Quer ainda mais dicas? Cadastre-se agora para receber nossa newsletter!

receba nossos conteúdos exclusivos gratuitamente por email!

Email registrado com sucesso
Opa! E-mail inválido, verifique se o e-mail está correto.
Ops! Captcha inválido, por favor verifique se o captcha está correto.