
O que é agricultura orgânica, vantagens e desvantagens
A prática da agricultura orgânica tem ganhado crescente adesão nos últimos anos, impulsionada pela mudança de mentalidade da população em busca de uma alimentação mais saudável e com uso responsável de recursos na gestão de pragas, doenças e plantas daninhas.
Esse tema tem sido amplamente discutido no setor do agronegócio, especialmente no que diz respeito à produção de alimentos.
Diante disso, preparamos este post para aprofundar o conhecimento sobre o processo da agricultura orgânica, vantagens e desvantagens, bem como entender as principais diferenças com agricultura convencional. Boa leitura!
O que é agricultura orgânica?
O termo “orgânico” é utilizado para descrever um dos métodos alternativos de agricultura, fundamentado em princípios ecológicos, além de proporcionar a utilização em harmonia de insumos agrícolas, alinhadas com a sustentabilidade e aplicação de produtos biológicos.
A agricultura orgânica engloba um conjunto de termos técnicos que aderem aos princípios agroecológicos, como:
- agricultura biodinâmica — busca-se um ciclo de reciclagem eficiente, no qual a planta que produz as sementes e sua parte vegetal são posteriormente utilizadas como adubo, o que promove a reciclagem de matéria de forma completa;
- permacultura — originário da Austrália, é voltada para a autossuficiência, com objetivo de estabelecer um ecossistema equilibrado, adaptado às condições locais, promovendo uma produção de alimentos que atenda às necessidades dos agricultores, sempre considerando as relações funcionais entre as espécies vegetais e animais do ambiente;
- sistema agroflorestal — trata-se de um método de produção alimentar que se baseia nos princípios naturais que integram o cultivo de árvores com a produção agrícola destinada à venda ou consumo próprio.
Qual é a história da agricultura orgânica?
A ideia de agricultura orgânica teve sua origem entre 1925 e 1930, por meio dos estudos e pesquisas conduzidos pelo britânico Sir Albert Howard, enquanto esteve na Índia por muitos anos.
Howard enfatizou a importância da utilização de matéria orgânica e da preservação da vida biológica do solo.
No início dos anos 1930, começou a surgir uma necessidade de mudança no modelo agrícola que estava causando danos aos solos férteis devido ao uso inadequado de insumos químicos. Isso levou a reflexões sobre alternativas visando a sustentabilidade.
Na década de 1960, diante dos danos ambientais causados pelo modelo agrícola convencional, foi publicada a obra “Primavera Silenciosa”, escrita pela bióloga marinha Rachel Carson. O livro proporcionou o início da conscientização sobre a necessidade da redução de defensivos no campo e melhores alinhamentos ecológicos.
No Brasil, a prática da agricultura orgânica baseada em tecnologias teve seus primeiros indícios no final dos anos 1970, mas foi somente após o estabelecimento do Instituto Biodinâmico de Desenvolvimento Rural (IBD), em 1990, que essa atividade começou a ganhar impulso e a se expandir, tendo grande relevância atualmente.
O mercado global de produtos orgânicos atingiu, só em 2023, aproximadamente US$ 150 bilhões, com os Estados Unidos, França e Alemanha na liderança. No Brasil, as cifras ainda são modestas, com estimativas de R$ 7 bilhões para o ano.
Quais são as vantagens e desvantagens da agricultura orgânica?
Um dos principais benefícios da agricultura orgânica é seu impacto positivo no meio ambiente.
Por meio de práticas como adubação verde, compostagem, rotação de culturas e controle natural de pragas, o cultivo orgânico é menos agressivo, reduzindo a contaminação do solo e da água e contribuindo para a preservação da natureza.
Além disso, esse método de cultivo tende a resultar em produtos com maior concentração de nutrientes e compostos responsáveis pelo sabor e pela cor, tornando-os mais saborosos e nutritivos em comparação aos produtos convencionais.
Já os desafios da agricultura orgânica incluem a demora nos resultados (uma vez que os benefícios são observados em longo prazo), produção reduzida em comparação com os métodos convencionais e o repasse de custos mais elevados para os produtos.
Quais são as características da agricultura orgânica?
As práticas da agricultura orgânica estão fundamentadas em quatro princípios essenciais: saúde, ecologia, equidade e cuidado. Esses princípios são o cerne do conceito, interligando-se e complementando-se de maneira intrínseca.
Saúde
Esse princípio concentra-se na utilização responsável de insumos agrícolas visando atender à crescente demanda por alimentos.
Ecologia
Abrange o emprego de práticas que preservam o meio ambiente, tais como aquelas que promovem a qualidade do solo (prevenindo o esgotamento, a erosão e a degradação) ou que minimizam a poluição ambiental.
Equidade
O princípio da equidade advoga por uma postura ética e respeitosa com todos os envolvidos na cadeia: agricultores, fornecedores, comerciantes e consumidores.
Esse princípio visa garantir condições de trabalho e de vida dignas, assim como o atendimento às necessidades das pessoas em relação ao acesso a alimentos de qualidade.
Cuidado
O princípio do cuidado na agricultura orgânica promove a economia dos recursos, considerando o bem-estar das futuras gerações e o equilíbrio ambiental.
As tecnologias agrícolas utilizadas devem ser criteriosamente avaliadas quanto aos seus potenciais impactos negativos. A precaução e uma gestão de riscos adequada devem guiar todas as tomadas de decisão.
Qual é a principal diferença entre o alimento orgânico e o convencional?
Tanto os alimentos orgânicos quanto os alimentos convencionais devem atender aos padrões de segurança e qualidade estabelecidos. A principal distinção entre os dois está no método de cultivo e aplicação de insumos devidamente licenciados, sendo que o orgânico foca na aplicação de produtos biológicos.
Os alimentos orgânicos devem seguir os requisitos estipulados pela Lei 10.831, de 23 de dezembro de 2003, cuja regulamentação ocorreu em 27 de dezembro de 2007, por meio do Decreto Nº 6.323.
Para serem comercializados em larga escala, os orgânicos passam por avaliações de qualidade e recebem um selo de certificação.
Qual é a principal diferença entre a agricultura convencional e a orgânica?
Primeiramente, é importante compreender que a distinção principal entre a agricultura orgânica e a convencional é o emprego de defensivos e fertilizantes para aprimorar a produção agrícola. Além disso, uma prática que diferencia os métodos de cultivo é o uso de monoculturas — quando o agricultor planta apenas uma espécie, resultando em desafios para a recuperação e manutenção do solo.
Os impactos ambientais do uso inadequado de insumos incluem desmatamento, contaminação e degradação do solo e dos corpos d’água próximos às áreas agrícolas, bem como a poluição de lençóis freáticos. Além disso, é preciso ter cautela na utilização de fertilizantes nitrogenados em excesso, para evitar processos como a eutrofização de rios e lagos.
Neste post sobre agricultura orgânica, vantagens e desvantagens, fica evidente que esse setor ainda enfrenta desafios em termos de aumento da produtividade. No entanto, é um método de produção que se destaca pela preocupação com o meio ambiente e a saúde humana, o que o torna fundamental para o futuro do planeta.
Gostou do artigo? Aqui na Jacto, divulgamos as informações mais atualizadas do agro, em diversos segmentos. Explore mais conteúdos como este em nosso blog!