Desperdício de alimentos: aprenda a evitar perdas na agricultura
Segundo dados da Organização das Nações Unidas para a Alimentação e Agricultura (FAO), cerca de 1 terço de todo o alimento produzido pelo homem é desperdiçado. O desperdício de alimentos gera um prejuízo de 750 bilhões de dólares por ano.
Esse levantamento mostra que o agronegócio enfrenta um problema crítico e fundamental para a cidadania e a vida. Afinal, essas perdas seriam suficientes para alimentar 2 bilhões de pessoas no mundo. Esse número é muito significativo, levando em conta que, hoje, cerca de 800 milhões passam fome crônica.
Como o produtor rural pode contribuir para reduzir esse desperdício? Separamos algumas dicas que têm feito a diferença no agronegócio. Confira!
O que leva ao desperdício de alimentos na agricultura?
O desperdício é o resultado da soma de vários fatores. Na realidade, existem perdas em todas as etapas do ciclo de produção e distribuição:
- produção agrícola: perdas por danos mecânicos, como quedas e esmagamento;
- manuseio e armazenamento após a colheita: práticas inadequadas que acabam “machucando” os alimentos, reduzindo seu valor comercial e, por isso, muitas vezes são descartados;
- distribuição e logística: problemas relacionados ao tempo e condições de transporte;
- processamento: perdas de alimentos na preparação ou no processamento industrial, como produção de sucos e conservas;
- consumo: geração de resíduos e descarte de alimentos que ainda estariam próprios para o consumo.
Assim, com vimos, ao longo da cadeia produtiva, existem muitos pontos de perda, desde a produção até a entrega ao usuário final. Os alimentos podem murchar pela variação de temperatura, apodrecer por ficar tempo demais na prateleira à espera do consumidor, entre muitos outros problemas.
Isso está de acordo com dados divulgados pela FAO. Segundo a organização, 54% das perdas ocorrem nas etapas iniciais da produção: o manuseio após a colheita e a armazenagem. Por exemplo, de acordo com a Embrapa, na produção de frutas comuns, como a manga, o desperdício pode chegar a 40%.
As falhas na etapa da colheita estão relacionadas principalmente à mão de obra, no que se refere a produtos que exigem colheita manual. Por outro lado, quando falamos de grãos, como soja, milho ou café, referimo-nos a colhedoras. Então, a eficiência nesse caso está na máquina. Se não estiver bem calibrada, ela acaba jogando a semente no solo ou quebrando os grãos, o que gera desperdício ou perda de valor comercial.
No Brasil, os processos de armazenamento e distribuição de grãos já estão bem mais evoluídos. No entanto, quando o assunto são alimentos consumidos in natura, como verduras, frutas e legumes, existem muitas particularidades. Cada alimento desses tem uma especificidade em termos de período de logística e tempo de prateleira.
Por exemplo, a banana hoje é colhida verde, passa por processo de desinfecção, depois é aplicada uma camada cerosa, para que ela aguente e chegue ao supermercado já amadurecendo. Se não houver um controle muito apurado e uma logística precisa, a perda será inevitável.
Mas que ações práticas podem ser tomadas para evitar o desperdício de alimentos? É sobre isso que veremos a seguir!
Quais medidas podem ser tomadas na sua lavoura?
Em todas as medidas implementadas, é importante o bom planejamento, desde a aplicação de insumos que possam fortalecer a planta até a aplicação de métodos, recursos e estratégias que contribuem para a segurança alimentar nos processos de armazenagem e distribuição. Considere então essas principais práticas!
Uso de aditivos
É necessário avaliar quais aditivos serão utilizados na adubação. A aplicação desses produtos pode elevar a qualidade nutricional do alimento. Essa otimização aumenta tanto a produtividade da lavoura quanto a resistência do alimento a fatores estressantes relacionados ao clima, ao solo ou mesmo a agentes biológicos, como bactérias e fungos.
Por exemplo, altas concentrações de carboidratos e açúcares estão diretamente relacionadas ao suprimento de potássio ou nitrogênio do vegetal, substâncias importantes para tubérculos e cana-de-açúcar.
Essa resistência favorece o tempo de permanência dos alimentos nas prateleiras e gôndolas dos mercados e reduzem a quantidade de defensivos agrícolas na plantação.
Infraestrutura de logística
Também deve haver um planejamento eficiente para estudar a melhor forma de fazer o transporte e a embalagem dos produtos. Muitos produtores fazem parcerias com associações e cooperativas para garantir que a produção chegue ao local da venda nas melhores condições.
Além disso, é necessário embalar corretamente os produtos, conforme as normas e as especificidades de cada produto. Embalagens inadequadas podem estourar, vazar ou quebrar, danificando os alimentos.
Existem tecnologias em packing houses (local de empacotamento) que usam embalagens plásticas especiais que permitem a troca de gases com a parte externa e, ao mesmo tempo, preservam a umidade, a temperatura e a integridade física do produto. Eles não deixam que impurezas entrem em contato com os alimentos empacotados. Há também caixas especiais e contêineres resfriados para armazenar frutas e materiais.
Já que no Brasil não existe uma cadeia de frios instalada para o transporte de produtos de alta perecibilidade, é importante estudar uma época favorável para a comercialização, reduzindo assim o desperdício por conta do clima e da temperatura.
Nos locais de armazenamento, como os Seasas, é importante controlar a umidade e manter o local seco e limpo, já que há a possibilidade de ataques de pragas, como ratos e insetos. Todo o material tem de ser guardado de forma criteriosa.
Iniciativa pública
Como vimos, há questões que estão nas mãos dos produtores e de outros profissionais envolvidos no ciclo de produção. No entanto, existem aspectos que fogem do controle dos proprietários rurais.
Por exemplo, no Brasil, o sistema de comercialização não está ainda tão bem integrado ao início do ciclo produtivo. Essa lacuna causa perdas, uma vez que o tempo de escoamento e os meios de transporte e armazenamento ou danificam os alimentos ou extrapolam o período em que o produto estaria em condições para a venda.
Além disso, é necessário investir em capacitação de mão de obra para que haja profissionais que saibam manejar corretamente os produtos, evitando o desperdício de alimentos.
Iniciativas públicas também podem dar incentivos à aquisição de maquinário e de tecnologias que automatizem a preparação, a limpeza e o manuseio dos produtos. No Brasil, esses processos ocorrem quase em sua totalidade de forma manual, o que sujeita os alimentos a danos. Falando em tecnologia, saiba mais como novas ferramentas podem ser de ajuda!
Como a tecnologia pode ajudar?
As tecnologias vão variar conforme os objetivos esperados, desde soluções químicas que fortalecem ou protegem o alimento, até maquinários que reduzem o desperdício no campo.
Fertilizantes
Existem fertilizantes que liberam nutrientes gradualmente na cultura. Isso permite que a planta absorva essas substâncias gradativamente ao longo do seu desenvolvimento. Para auxiliar esse processo, há também máquinas adubadoras que permitem distribuir os produtos fertilizantes com maior qualidade e precisão na dosagem e com uma aplicação mais uniforme.
Defensivos agrícolas
Não podemos deixar de falar nos defensivos agrícolas, sejam eles químicos, biológicos ou naturais. Novas tecnologias ajudam a planta a absorver esses produtos de modo mais rápido e a aguentar mesmo em situações em que a temperatura e a umidade não sejam tão favoráveis.
Para o processo de aplicação de defensivos, também existem tecnologias relacionadas à agricultura de precisão acopladas a pulverizadores que favorecem uma aplicação eficiente. Essas ferramentas utilizam GPS para mapear a área de plantio, controlar a pulverização, gerenciar o consumo de diesel, entre outros recursos. Assim, evita-se o desperdício de alimentos e de recursos dentro da cadeia produtiva.
Genética das plantas
Encontramos hoje um grande avanço nas pesquisas sobre a genética das plantas. Esses estudos buscam melhorar a qualidade nutricional dos alimentos e torná-los mais resistentes a agentes nocivos. As empresas trabalham também no sentido de aliar tempo e sabor, como um abacaxi mais doce ou uma melancia com cor mais vigorante e mais saborosa.
Assim, em todas as etapas do ciclo produtivo, existem iniciativas, métodos e tecnologias capazes de reduzir o desperdício de alimentos. Essa é uma questão fundamental tanto para o produtor rural quanto para toda a sociedade.
Agora que você já entendeu a importância das novas ferramentas no agronegócio, conheça 7 tecnologias que estão contribuindo para uma agricultura mais sustentável!
25/05/2020 às 12:27
Olá aqui é a Vania Olivia, eu gostei muito do seu artigo seu conteúdo vem me ajudando bastante, muito obrigada.